NINGUÉM
É o nada com que começamos, ou o tudo que deixamos
em busca de alguma libertação do zero?
Enfim, o castelo tinha que ser protegido. Fortificações
incrementadas, interiores salvaguardados. Uma sapiência,
discípula de vivência, sussurrava mitos comprovados, truques
adquiridos,
saberes
populares,
ancestrais
segredos
divulgados.
Havia que comer, havia que matar. Havia que não viver,
mas sobreviver, escapar, por um tempo. Há que matarmonos a nós próprios com o simples e ávido intuito, instinto de
ser.
Assim acerquei-me à janela para ver a flora, vegetação.
Quem haveria de comer hoje? A quem iria eu gritar para
entrar? Quem iria ser a presa, a vítima, a ceia? Quem, de
entre quês, meu almoço, meu jantar? Alguém, algo, terá que
pagar para o meu andar. A viagem será longa de curta
duração. Avistam-se aves de longo alcance, passeantes
ruminantes, ocupados transeuntes, cegos, embriagados pelo
segundo que os matou. Nenhuma vaca, tantos porcos. Quem
será o escolhido da ementa? Quem será embalado e servido?
A beleza que sobe a luz da calçada fica para sobremesa da
noite. Não prato último, mas principal, sob a mesa. Crianças
de tenra carne jamais caberiam em minha frígida frigideira.
Não roubo ovos de aves de rapina. Os duelos estarão à
14