VQPRD
altura de minha esgrima. Espada afiada pelo sangue de mil
anões.
Voltei da caça com um saco e uma pipa. Eu que lutei por
mares, encontrões e promoções, velhas de carrinhos em
punho, carrinhos de mamas de leite. Eu, que despertei uma
caixa mágica de impaciência, chego agora vitorioso ao local
de festim. Em mim.
Sou eu a contradição do cínico. Nunca cão, amando e
criticando segundo épicos critérios, ancestrais códigos de
entendimento. Por isso trago o vinho. Para me perceber-vos.
Bebei de mim, o que de vós engoli. Assim será o ciclo do
repuxo. Ao sol.
Sol de lume. Um bico aceso. Não de joelhos, mas de fogo
intenso. Cozinhamos algo que por fim saberá a pato.
Capítulo da arte de cozinhar de copo largo de tinto na mão e
cigarro na outra. Inspector, dono de operações requintadas,
realizadas sob o gesto calculado da porção. Sal e pimenta
sobre um naco de carne. Em sangue se revira sofrendo no
fogo em que se afasta e dança. Em sangue vai para a mesa.
Aqui o como, o sorvo. Ao lado negra caneta espera
impaciente ser tocada, virgem estreada.
Capítulo de como se deve comer. Devagar. Muito
devagar. Como a uma mulher. Suave, molhado. Apreciada,
degustada, embebida. Carne que se saliva, se mastiga, se
cospe, se engole, se fode, torce.
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