NINGUÉM
oblíquo, último brinde, a vida de suas eternas, vindouras
companheiras. Morte lenta, nem cães nem gatos as retiram
de seu fim de relva. Onde paira o salvador de laranjas?
Cortador de relva no pensamento. Onde anda o agricultor?
O escritor deixou a dormir o que o pintor adormeceu. O
filósofo tentou compreender, estudou, mas não adivinhou,
sentiu, fugiu. Casa branca, para que te quero? Inalas a nona,
inspiras a sesta da tinta e começas e abusas. Tuas janelas não
sustêm o soluço de arte. Quem te ouve julga-te louca. Planta,
deixa crescer. As laranjas que caíram, suculento suco trazem.
Deixa que portas de luz abracem teu grito.
Queria-vos dizer umas palavras, já que de palavras vivo
eu.
Numa noite ancestral e alegre como esta,
O vinho escorre-me e o sábio visita-me por segundos.
São vós a quem quero despertar.
O mundo não é de sonhos, utopias, arte ou magia.
Macacos vos fodam se pensais assim.
Esta bola verde e azul não passaria de uma breve insonsa
sombra
Comparada com a beleza da sua potencialidade.
Largai míseras insignificâncias.
Benevolente abraço reinará em cada viela.
Melhor fruto não terão.
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