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pulsão de mil sóis penetrar. O êxtase, mental punheta remata
por fim o pensar.
Este livro foi assim escrito enquanto numa rolha
navegava num espesso rio grená. Não sangue, mas vida.
Tinta. Cada palavra foi um trago naquele tempo em que a
caneta era uma enxada. Bem varejei muita azeitona. Tal
como o vinho, o livro tem um propósito. Nasce para se
beber, para transbordar copos alheios. Escrevo então a todas
as musas dos tempos. A vós, de séculos transactos, de poetas
sorvidos. A vós, vindouras de um segundo perdido. Vossa
imagem cristalizada, em tinta beijada. Anjos dançam na
aparente roda de iluminação. Vosso passo é minha valsa.
Alberto Janes canta agora através da voz de Amália. O
fado, o vinho que canto desde o início dos tempos. Pura
poesia. Extracto.
Senhor Vinho, não te escrevo hoje. Bebo-te. Qualquer.
IV
Mais vinho para o homem cansado. Seu labor, predador
de liberdades, retira nacos da sua arte, enquanto vagueia ora
na sua mente, ora na sua folga. É por sobrevivência que
temos horário dito laboral. É por estupidez que não temos a
parvoíce. Laranjas a cair de uma árvore imensamente regada,
podres, mortas no chão tijolo, enquanto olham no seu
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