NINGUÉM
III
Começou agora o Vqprd. Saltam rolhas, cospem copos.
Um trago e um descanso. Letras, fumo, vinho, palavras,
ninfas. Não desliguei a música ao bater a porta. Que
acompanhem o tilintar do vidro. Que esbarrem garrafas no
fim. Estou eu, nu, assim. Jejum de carne, fome de espirito.
Aqui estou eu a voltar-te a escrever. Mais pequeno, mais
contínuo. Aqui estou eu, embaciado no copo alto que me
exalta, perfura e estagna. No silêncio. Tudo o é. Tudo
deveria. Continuação. Embarque de tinto. Alvos marinheiros
no lago que se anuncia erroneamente estagnado. Bolina copo
barco. Sorvo-te. Nove meses de estágio em barricas de alta
qualidade.
Quanto mais te escrevo, mais me conheço. O nada que
sempre soube apodera-se, incalculável, da construção do
inefável. Tenho-te outra vez. Outra vez de volta, cá fora, à
espera, à espera de penetrar-te. Eu sou a repetição, linha
cronológica de incompreensão. Eu sou a filosofia, poesia, do
Agora e do Sempre. Eu sou a forma nefelibata de teu sonho.
Ciclo de uva. Mosto, suco suculento de uva. Viticultura.
Plantar palavras e deixar crescer, saborear ao longo do
tempo, decantar. O vinho, o livro, a vida, roçam-se por
prazer. Afogado, morto, renascido louco pássaro em lago
absorto, ergue sua bolha no espesso reino grená, erupção na
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