De Pompei a Pompeia De Pompei a Pompeia - Miolo - A5 136pag | Page 48

gente. Frei Antônio, conhecedor do local, foi à nossa
frente. Entramos no grande pátio do palácio. Estava
quase repleto de pessoas que esperavam. Subimos logo
ao plano superior. As salas, decoradas com raro gosto,
arrancaram de nós exclamações de satisfação. Foi-nos
indicada uma sala de espera. Teremos o prazer de ver o
papa privilegiadamente. Na sala, somos poucos. Os minu-
tos passavam lentamente, parecendo séculos. O coração,
porém, batia mais veloz.
Ninguém falava. Apenas uma ou outra pessoa soltava
alguma palavra murmurada em voz baixa. Finalmente,
ouvimos um rumor que cresceu e se avizinhou: o papa
iniciou a audiência. Um camareiro, no seu tradicional
uniforme, entrou e sorrindo disse: “– Dentro de quatro
minutos, o papa estará aqui”. Não errou. Ouvimos um
coro de aclamações. Era um grupo de jovens católicos
que vieram para ver o papa da juventude. Percebemos a
voz do papa. Não distinguimos bem as palavras. Depois,
quando terminou de falar, outra forte aclamação. Os
camareiros entraram em nossa sala e, atentos, ouviram
uma voz: “–O papa, ajoelhados!” Todos os olhares fixos
na porta. Uma comoção geral tomou conta de nós. Um
minuto se passou e o papa, vestido de branco, entrou,
permaneceu no meio de nós e sorriu-nos amavelmente. Sua
Santidade foi informada da nossa visita. “– Muito bem!”
Olhou para nós e nos dirigiu poucas palavras, mas que
compendiam todo um programa: “– Ireis para longe, para
o Brasil? Para Minas Gerais? Lá não encontrareis as
comodidades da nossa Itália, não encontrareis os vossos
amigos, mas todo um conjunto de coisas que se resumem
numa palavra: sacrifício! Ide, em nome do Senhor. Onde
maiores são os sacrifícios e as lutas, centuplicados
serão o mérito e a bênção da parte de Deus.” O papa
abençoou-nos, deu uma volta pela sala para o beijo da
mão e retirou-se. Saímos do palácio muito alegres e,
premidos sempre pela penúria de tempo, tivemos apenas
a possibilidade de lançar um olhar para o pequeno lago
que, plácido, descansava no fundo do vale como uma
preciosa pérola circundada de colinas sempre verdejan-
tes, para, depois, apressadamente, atingirmos a estrada
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