De Pompei a Pompeia De Pompei a Pompeia - Miolo - A5 136pag | Page 45

A hora da separação soa triste. Trocamos as últimas saudações – talvez as mais comoventes – com os coir- mãos que quiseram acompanhar-nos até o navio-balsa. Este fez ouvir a sua poderosa voz. Ainda alguns instantes e, depois, lentamente, quase sem se perceber, destacando-se do cais, distancia-se da Sicília. São 20h30min do dia 07de setembro de 1935. Em pé, com os cotovelos apoiados no parapeito do navio, saudamos ainda os religiosos que ficaram em terra. Os nossos estudantes capuchinhos acenam com os lenços e gritam: “Boa viagem! Ainda nos encontraremos.” E correm junto ao cais para diminuir a distância. Em seguida, uma brusca manobra do navio subtrai-nos a satisfação de mais uma vez abraçarmo-nos, se não fisicamente, pelo menos com os olhos. “Ainda nos encontraremos” é um bom desejo. O navio zarpa e está para atingir a embocadura do porto e, com uma bela visão, a “Madonna della Lettera” (Nossa Senhora da Carta), que está lá no alto, sobre a majestosa coluna, a vigiar os filhos que vão e vêm, parece que nos deseja maternalmente uma boa viagem. Ela que é a “Estrela do Mar”. O navio, em pleno mar, aponta a proa em direção da Villa São Giovanni e segue vencendo a distância que nos separa do continente. Ali chegados, apressadamente, descemos à terra e, após alguns minutos, atingimos a estação. O trem está preparado. Temos o tempo de nos acomodar em um dos tantos vagões alinhados ao longo dos trilhos e logo é dada a partida. O trem avança, corre, dilacerando, a intervalos, a noite, com seus alertas. Achegamo-nos às janelas. Os olhos querem penetrar e sondar as trevas. Não se consegue e se é constrangido a ajeitar-se no incômodo assento, onde, em um cochilo penoso, encon- tra-nos a voz estridente de um funcionário: “Pompeia”. Pompeia É a cidade de Maria, a fonte de salvação, caminho, luz para muitos corações. É a primeira parada. Descemos com o coração cheio de alegria. A insônia, o cansaço, 45