De Pompei a Pompeia De Pompei a Pompeia - Miolo - A5 136pag | Page 18
foi revista e adaptada, ao Direito Canônico, por Pio X, em 1909.
Teologicamente, os capuchinhos abandonaram a escola francis-
cana de Scotus, retornando à de São Boaventura.
São Boaventura
Os filósofos franciscanos julgaram que fosse impres-
cindível dar uma forma teórica à atitude prática,
afetiva e sentimental de Francisco de Assis, que sempre
entrevia Deus e Jesus Cristo em todas as coisas. Para
tanto, os filósofos franciscanos julgaram necessário
recorrer-se ao agostinianismo, com o seu misticismo e
voluntarismo – julgando inadequado, contudo, para esse
fim, o racionalismo, o empirismo e o intelectualismo
aristotélicos.
O maior representante do segmento agostinianismo
antiaristotélico foi São Boaventura (1221-1274). Nasceu
na Itália, estudou em Paris e, mais tarde, foi geral da
sua ordem até se tornar cardeal de Albano. Suas obras
principais são: “Comentário sobre as sentenças de Pedro
Lombardo, o Itinerário da Mente para Deus e Redução das
Artes à Teologia”. Segundo São Boaventura, a tarefa
da filosofia não é teórica e racional, mas prática e
religiosa, isto é, a filosofia deve levar a Deus, a
quem se alcança imediatamente em todas as coisas e
se possui pela união mística, como ele descreve no
“Itinerário”. A teoria do conhecimento (gnosiologia)
de Boaventura inspira-se no iluminismo agostiniano, que
lhe sugeriu a prova intuitiva da existência de Deus,
a qual é imediatamente presente ao espírito humano. A
metafísica de Boaventura, pois, afirma três princípios
diretamente opostos ao modelo filosófico de Aristó-
teles e de São Tomás de Aquino: a existência de uma
matéria geral sem as formas específicas; a pluralidade
das formas em um mesmo ser, tantas quantas são as suas
propriedades essenciais; a universalidade da matéria
fora de Deus, porque todos os seres são compostos de
matéria e de forma, inclusive as essências angélicas
e as almas humanas. A psicologia de Boaventura, pois,
sustenta que a alma humana é uma substância completa
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