Jack Nicholson é um dos atores mais prestigiados com quem já traba-lhou. Como foi a experiência?
Foi absolutamente maravilhosa. Do momento em que chega ao set até o mo-mento em que vai embora, é a pessoa mais profissional, concentrada, bem preparada e colaborativa que já conheci na minha vida.
Mas, antes de chegar e após ir em-bora do set... Não sei até hoje se ele é louco ou não. Como em muitas pessoas talentosas, sua personalidade é compli-cada, original e interessante.
Como o livro homônimo de Ken Kesey, que deu origem a Um Estranho no Ninho (1975), chegou ao senhor?
Nos anos 1960, Kirk Douglas tinha os direitos do livro e queria fazer um filme. Ele estava na Tchecoslováquia à época, quando viu alguns de meus tra-balhos e me perguntou se poderia me enviar o livro. Respondi "é claro, meu Deus, adoraria que fizesse isso", mas o livro nunca chegou.
Acabei por recebê-lo de Michael Douglas, seis ou sete anos depois. Ele não sabia que o pai já havia falado sobre ele comigo.
Foi somente anos depois, quando reencontrei Kirk, que descobri que, sim, ele havia me enviado o livro, mas a censura comunista na fronteira o con-fiscara - e não disse nada, nem a mim, nem a ele.
Qual o valor desse filme em sua cinematografia?
Você doa tanto o seu coração e a sua mente a cada filme que todos são signifi-cantes e valiosos, mas esse foi mais ain-da devido a seu sucesso. Ele me abriu as portas para Hollywood, ganhou cinco Oscars, fez muito dinheiro... É um filme muito, muito importante para mim.
E o fato de que hoje as pessoas ainda assistem a ele me deixa muito feliz.
Mas o Oscar não é influencia-do mais pelo marketing do que pela qualidade?
Bem, sempre foi assim e sempre será. Mas vou lhe dizer uma coisa: acredito que ninguém pode realmente influenciar ou subornar a Academia. É impossível. Caso contrário, somente os blockbusters ganhariam.
Veja este ano, por exemplo: ganhou um filme mudo, em preto e branco, fei-to por franceses [O Artista]. E, acredite, houve muito marketing de filmes ame-ricanos, com as companhias gastando muito dinheiro.
Acha que O Artista mereceu os prêmios?
Gostei dos filmes deste ano e acho, sim, que ele mereceu os prêmios. Foi muito ousado e original fazer um filme como aquele.
Seu filme mais premiado é Amadeus, com oito Oscars. Antes de ser lançado, o senhor estava preocupa-do com a reação à sua representação de um Mozart quase frívolo?
Não, porque não era uma