biografia, era ficção. E, veja bem, pro-vavelmente não há tanta diferença entre como ele era e como foi retratado no fil-me. Quando lemos as cartas de Mozart, meu Deus, como são obscenas! Não acho que estávamos tão longe da verdade.
Em que foi baseada a risada aguda da personagem?
Há uma carta em que uma velhinha de Praga escreve para sua prima, outra velhinha de Paris, dizendo que fez uma festa em sua casa e que estava horrori-zada com o som animalesco da risada do jovem Mozart.
É tudo o que sabemos. Como soava, não imaginamos; então estava nas mãos do [ator] Tom Hulce inventá-la.
A maior parte de seus protago-nistas recusa-se a se conformar com sociedades opressivas. Esta é uma escolha consciente?
Com certeza. Estes indivíduos são mais interessantes do que aqueles que não estão em conflito com a sociedade.
Há espaço para o drama quando há um conflito entre o indivíduo e a instituição.
O senhor é conterrâneo e contem-porâneo do escritor Milan Kundera. Qual sua relação com ele?
Apesar de ele ser apenas três anos mais velho que eu, já era meu pro-fessor de literatura quando eu cur-sava a faculdade [Academia de Artes Performáticas de Praga]. Falo com ele de tempos em tempos, mas é muito re-cluso, mora em Paris. Adoro seu traba-lho, é um grande escritor.
Tem algum projeto profissional em mente?
No momento, não. Meu Deus, sou um idoso, não me apresse. 3
A Arte de Milos Forman
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"Não há tanta diferença entre como Mozart era e como foi retratado no filme; quando lemos suas cartas, meu Deus, como são obscenas!"