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JOGOS OLÍMPICOS
a Noruega, por 2 a 0, descreviam como havia sido o jogo. Ao final da reportagem, algumas falas das jogadoras se voltavam à realidade. Para Pretinha, “Nem nós esperávamos chegar tão longe” enquanto a jogadora Michael Jackson analisava a perda da medalha e projetava o futuro: “Perdemos a medalha no final do jogo contra a China. [...] A partir de agora vão dar valor ao futebol feminino no Brasil” (12)
Algumas considerações
Nas páginas da cobertura dos Jogos Olímpicos, em dias que o Brasil entraria em
campo no futebol, a modalidade ganhava espaço dentro do caderno de esportes da Folha. Porém, o futebol masculino tinha, como padrão, um espaço muito maior do que o futebol feminino. O jornal produziu reportagens sobre o futebol feminino, mas os espaços destinados às análises de seus colunistas eram sobre o futebol masculino. O mesmo aconteceu quando em um editorial o jornal fez apenas a análise do futebol masculino (13).
Se o futebol feminino não aparecia como ponto de análise entre os colunistas, foram veiculadas reportagens sobre a campanha da seleção feminina. De fato, dentro da disposição das notícias, o futebol feminino sempre aparecia depois do futebol masculino. Apesar de ser um espaço diferente, era um espaço importante e que foi conquistado a cada dia. Afinal, a estreia da seleção feminina não foi noticiada pelo jornal. Embora não fossem reportagens longas, o espaço procurava mostrar como haviam sido os jogos e destacou a dura realidade da modalidade. Muita coisa mudou desde 1996, mas o futebol feminino segue na sua luta constante por mais visibilidade.
Sérgio Settani Giglio
Professor de Graduação e Pós-Graduação da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas. É um dos editores do Ludopédio.
(1) Feminino pega o Japão em clima de vingança. Folha de S.Paulo, 23 de julho de 1996, Esporte, p. 5.
(2) ASSUMPÇÃO, João Carlos; BERTOLOTTO, Rodrigo. Terceirização do feminino quer retorno com medalha. Folha de S.Paulo, 25 de julho de 1996, esporte, p. 4.
(3) Brasileiras passam às semifinais. Folha de S.Paulo, 26 de julho de 1996, esporte, p. 5.
(4) Família torce por Pretinha. Folha de S.Paulo, 26 de julho de 1996, esporte, p. 5; Brasil e China são revelações. Folha de S.Paulo, 26 de julho de 1996, esporte, p. 5.
(5) ASSUMPÇÃO, João Carlos. Técnico quer constância. Folha de S.Paulo, 27 de julho, esporte, p. 4.
(6) ASSUMPÇÃO, João Carlos. Futebol de salão dá auxílio ao feminino contra China. Folha de S.Paulo, 28 de julho de 1996, esportes, p. 8.
(7) ASSUMPÇÃO, João Carlos. Média salarial da seleção é de R$ 1.000 por mês. Folha de S.Paulo, 28 de julho de 1996, esportes, p. 8.
(8) Futebol brasileiro vive dia de contrastes. Folha de S.Paulo, 29 de julho de 1996, esportes, p. 1.
(9) GONÇALVES, Marcos Augusto. Brasileiras cedem vitória à China e disputam o bronze. Folha de S.Paulo, 29 de julho de 1996, esportes, p. 4.
(10) GONÇALVES, Marcos Augusto. Pretinha não vê decepção. Folha de S.Paulo, 29 de julho de 1996, esportes, p. 4.
(11) ASSUMPÇÃO, João Carlos. Brasileiras jogam por ‘divulgação’. Folha de S.Paulo, 1º de agosto de 1996, esportes, p. 4.
(12) DAMATO, Marcelo; MAGALHÃES, Mário. Brasileiras sofrem derrota e acabam em quarto lugar. Folha de S.Paulo, 2 de agosto de 1996, esportes, p. 3.
(13) BRASIL X NIGÉRIA. Folha de S.Paulo, 2 de agosto de 1996, p. 2.