Contemporânea Contemporânea #11 | Page 9

Neilton de Souza Ferreira Júnior

Professor adjunto da Universidade Federal de Viçosa - Campus Florestal. Doutor em Ciências pela EEFE- USP. Graduado em Educação Física pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pesquisador das Relações Étnico-raciais na Educação Física e da relação Colonialismo e Imperialismo Cultura Corporal.

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RACISMO NO ESPORTE

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de contenção insurrecional das classes dominadas e de manutenção da hegemonia ideológica das classes dominantes (MELO, 2011). A sofisticação dos receituários esportivos de cunho civilizacionista se expressa pelo seu apelo à associação que imediatamente fazemos entre esporte e saúde e entre atividades felicitantes e formação crítica. Associação acompanhada por uma fortuna de discursos e expectativas que falseiam o real, ao mesmo tempo em que limitam as possibilidades críticas da própria experiência com e nos esportes.

A título de conclusão, reforço que o racismo no esporte é um fenômeno que se estabelece e se particulariza como desdobramento de uma relação histórica que, atendendo aos interesses de classes dominantes, se desenvolve a partir de uma racionalidade instrumental que substitui

formas radicais de alteridade e reconhecimento à diferença por alegorias da tolerância, férteis à emergência de novos racismos.

O crescente estranhamento popular aos megaeventos esportivos não é um fenômeno trivial e isolado, mas um indicador de que o discurso civilizacionista não consegue esconder das classes oprimidas o caráter neoextrativista do esporte. A superação do racismo no esporte, nas suas diferentes facetas, também depende das vitórias que as classes subalternizadas conquistem, não só no âmbito das micropolíticas, mas da escala geopolítica da luta de classes e das disputas teóricas por um outro esporte, rebelde aos reducionismos decorrentes da forma-mercadoria e do civilizacionismo eurocentrado.