Contemporânea Contemporânea #11 | Page 11

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RACISMO NO ESPORTE:

MESMO COM RACISMO,TEM JOGO?

RACISMO NO ESPORTE

Outra modalidade, o tênis, é também um dos esportes racializados, por existirem poucos negros praticantes, e isso igualmente se dá porque espaço e materiais para sua prática não estão acessíveis a todos. Apesar das muitas conquistas das irmãs Williams, uma observação se confirma na fala da tenista negra norte-americana Taylor Townsend: “Tem segurança extra para verificar se faço mesmo parte” (TOWNSEND, 2020). No exercício da sua profissão, ela é “acompanhada” (vigiada) por seguranças como muitos outros negros e negras anônimos que circulam por shoppings, supermercados e outros estabelecimentos comerciais.

A sociedade não espera que corpos negros estejam em determinados espaços, como se deduz da fala da atleta Taylor. Então, podemos dizer que os atletas negros precisam superar seus limites quanto ao desempenho atlético e também continuamente reafirmar que fazem parte daquele espaço como profissionais do esporte, e não como “apanhadores de bolinhas”, imagem comum e recorrente associada a ocupação dos corpos negros nesses espaços e arenas esportivas mais elitizadas.

Ao tratarmos do futebol, um esporte popular no Brasil e no mundo, vemos que o racismo se perpetua de forma cada vez mais escancarada. Os vários episódios que aconteceram recentemente com atletas brasileiros, comprovam essa situação, indicando que não são fatos isolados.

O caso do atleta de futebol profissional Vinicius Junior, chamado de “macaco” durante partidas na Espanha, mostrou na mídia e nas redes sociais uma dura realidade da população

preta. Não é de hoje que o atleta sofre ataques racistas na La Liga, enquanto exerce sua atividade laboral como jogador do Real Madrid Club de Fútbol. Segundo Florenzano (2023, on-line), “ao todo, desde que colocou os pés na Espanha, Vinicius Junior se viu no centro da fúria dos racistas ao menos 10 vezes. Ele mal podia adivinhar que o que parecia ser um sonho, aos poucos, viraria um pesadelo.” Lembremos que o caso aqui relatado, no contexto espanhol, é apenas mais um, pois, Roberto Carlos, Ronaldinho Gaúcho, Daniel Alves e Marcelo, só para citar alguns, já sofreram as mesmas agressões.

Infelizmente, quando olhamos para o contexto do Brasil, isso não difere. De acordo com Chaves (2023), a prática vem avançando de maneira preocupante: “segundo levantamento do Observatório da Discriminação Racial do Futebol, foram registrados 90 casos de ofensas raciais em 2022, contra 64 em 2021. Um aumento de 40%.”

Pode-se perceber que com esse avanço do número de casos de racismo no futebol, evidencia-se a “falta” de consciência e responsabilidade da sociedade brasileira (e das demais), também racistas. Infelizmente, o sentimento é de que não estamos avançando na postura e atitude antirracista: a impunidade leva a uma ideia de que tudo se repete, permanecendo como antes e nada ocorre para impedir e criminalizar tais práticas. Entretanto, temos visto, principalmente nas duas últimas décadas, estratégias de enfrentamento a essas práticas, em várias instâncias: nas escolas e universidades, em clubes e instituições