Congresos y Jornadas Didáctica de las lenguas y las literaturas. | Page 29

No processo de letramento acadêmico, algumas dificuldades parecem ser recorrentes entre os alunos, seja na leitura, seja na escrita, conforme têm demonstrado diferentes estudos (Assis, 2014a; Assis; Boch; Rinck, 2012; Delcambre; Lahanier- Reuter, 2011; Grossmann; Boch, 2002; Reuter, 1998, dentre outros). Dentre elas destacamos, por exemplo, com base nos estudos citados: a assunção de uma postura de autor (ethos científico); o gerenciamento de vozes (articulação entre/com os discursos de outrem); o uso de normas técnicas; a atividade de sumarização; a identificação das estratégias responsáveis, no texto acadêmico, pela construção de legitimidade do que é dito. Defendemos que as representações dos estudantes sobre a esfera acadêmica, suas práticas e os gêneros do discurso que nelas emergem concorrem para essas dificuldades, razão pela qual temos feito a aposta de que a teoria das representações sociais (Moscovici, 1961, 2003; Abric, 1986, dentre outros) pode ajudar a flagrar e a compreender alguns nós do processo de ensino e aprendizagem em foco, principalmente porque, com frequência, ele é marcado pelo confronto – embora nem sempre de forma explícita – entre saberes oriundos de diferentes grupos e espaços sociodiscursivos e aqueles legitimados pela instância de formação. Partimos, portanto, do princípio de que as representações sociais condicionam fortemente os processos de ensino e de aprendizagem, quer no que respeita ao seu desenvolvimento, quer no que se refere à sua eficácia (Dabène, 1996, 2002; Onillon 2006). Elas funcionam, como bem define Py (2000), como uma espécie de microteoria simples e econômica por meio da qual interpretamos um conjunto indefinido de fenômenos. Nessa condição, orientam as participações dos sujeitos nas atividades de interação e modelam sua identidade em relação ao grupo que integram. No trabalho de análise das representações sociais, temos tomado como corpus de análise o discurso produzido em situações de interação in praesentia ou in absentia, com base na premissa de que as representações sociais sejam inferíveis pelas operações textual-discursivas empreendidas pelos sujeitos, tendo em vista os recursos nele empregados e as estratégias postas em cena. Encarando, nessa medida, o discurso como o lugar de expressão das representações sociais, temos investido particularmente no exame do processo de referenciação, considerando que também a construção de referentes é orientada por representações dos objetos de estudo e de ensino (Assis, 2014b). 794