Congresos y Jornadas Didáctica de las lenguas y las literaturas. | Page 246

que o trabalho com gêneros textuais não age apenas na aprendizagem de um gênero, pois ele permite que os alunos se apropriem ou desenvolvam as capacidades de ação, as capacidades discursivas e as capacidades linguístico-discursivas. As capacidades de ação referem-se à mobilização de representações sobre a situação de comunicação e sobre seu referente. As capacidades discursivas remetem à organização geral do texto, envolvendo a escolha pela disposição dos conteúdos temáticos, pelos tipos de discurso e pelas eventuais sequências. Já as capacidades linguístico-discursivas referem-se à seleção de unidades linguísticas necessárias para assegurar a coerência temática e a coerência pragmática dos textos. É preciso ressaltar, no entanto, que as três capacidades de linguagem são interdependentes e o fato de separá-las responde apenas a intenções didáticas ou metodológicas. A partir dessa visão dos gêneros como instrumentos que contribuem para o desenvolvimento de capacidades de linguagem que podem ser transpostas para outras situações de produção textual, podemos inferir, por exemplo, que quando aprendemos a redigir um artigo de opinião, desenvolvemos também: a capacidade para identificar a situação de produção que é polêmica e demanda uma posição argumentativa; a capacidade para argumentar e organizar o texto de forma argumentativa; a capacidade para utilizar os conectivos pertinentes em uma outra situação percebida como polêmica e, portanto, que demanda persuasão. Nesse sentido, os gêneros seriam considerados como instrumentos psicológicos que poderiam ser utilizados pelos alunos para desenvolver suas capacidades de linguagem para que possam usá-las em outras situações de uso da língua, para a produção de outros gêneros textuais. Para Dolz, Gagnon e Toulou (2008, p. 12), a análise das capacidades de linguagem dos alunos e a identificação das dificuldades de produção escrita são necessárias para a adaptação do ensino às necessidades reais dos alunos. Contexto da pesquisa e procedimentos metodológicos A presente pesquisa foi desenvolvida com alunos do segundo semestre do curso de Língua Francesa da habilitação em francês da Universidade de São Paulo. Os estudantes que chegam a esse estágio estão geralmente cursando o segundo ano do curso de Letras, mas o primeiro ano de francês, e a maioria também segue concomitantemente a habilitação em português. O currículo seguido no primeiro ano, proposto em 2008, é organizado em torno de funções comunicativas e de aspectos 1011