Congresos y Jornadas Didáctica de las lenguas y las literaturas. | Page 238

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ao fundo da galeria, avistou homens, um clarão de lanternas, brilhos de armas... Num relance tudo compreendeu- o palácio surpreendido, o bastardo cruel vindo roubar, matar o seu príncipe! Então, rapidamente, sem uma vacilação, uma dúvida, arrebatou o príncipe do seu berço de marfim, atirou-o para o pobre berço de verga- e tirando o seu filho do berço servil, entre beijos desesperados, deitouo no berço real que cobriu com um brocado.
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Bruscamente um homem enorme, de face flamejante, com um manto negro sobre a cota de malha, surgiu à porta da câmara, entre outros, que erguiam lanternas.
Olhou- correu ao berço de marfim onde os brocados luziam, arrancou a criança, como se arranca uma bolsa de ouro, e abafando os gritos no manto, abalou furiosamente.
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Lá estava junto do berço de marfim vazio, muda e hirta, aquela que o salvara! Serva sublimemente leal! Fora ela que, para conservar a vida ao seu príncipe, mandara à morte o seu filho.
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Mas como? Que bolsas de ouro podem pagar um filho? Então um velho de casta nobre lembrou que ela fosse levada ao tesouro real, e escolhesse de entre essas riquezas, que eram como as maiores dos maiores tesouros da Índia, todas as que o seu desejo apetecesse...
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A rainha tomou a mão da serva. E sem que a sua face de mármore perdesse a rigidez, com um andar de morta, como num sonho, ela foi assim conduzida para a
Câmara dos Tesouros.
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A ama estendia a mão— e sobre um escabelo ao lado, entre um molho de armas, agarrou um punhal. Era um punhal de um velho rei, todo cravejado de esmeraldas, e que valia uma província.
Agarrara o punhal, e com ele apertado fortemente na mão, apontando para o céu, onde subiam os primeiros raios do Sol, encarou a rainha, a multidão, e gritou:
- Salvei o meu príncipe, e agora- vou dar de mamar ao meu filho! E cravou o punhal no coração.
4. PALAVRAS FINAIS
O professor de português como língua estrangeira( L2), ao realizar o estudo / compreensão do léxico no texto de Eça de Queirós, por conta da riqueza linguístico-cultural de sua narrativa, garantirá ao aprendente estrangeiro não só desenvolvimento de seu repertório, mas também a incorporação de estruturas linguísticas que melhorará a sua comunicação, uma vez que trarão subjacentemente traços culturais relevantes para a compreensão / interpretação do texto.
Ao analisar o conto“ A Aia”, de Eça de Queirós, o aprendiz perceberá que a trilha léxica presente em sua superfície ancora-se em uma crítica refinada e sutil que questiona a servidão. A visualização do levantamento dos itens lexicais realizado com auxílio do WordSmith Tools deflagra nos aprendentes processos cognitivos que geram imagens figurativas de uma problemática histórica de uma sociedade em uma perspectiva não documental, passando então da palavra à imagem visiva no dizer de Calvino.
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