Congresos y Jornadas Didáctica de las lenguas y las literaturas. | Page 230
significado, proporciona o prazer de invadir o território linguístico (KRAMSCH, 1993)
da língua-alvo.
Perini (1995, p. 51), discutindo o trabalho com o léxico no ensino de língua,
assevera que o processo
não deve restringir-se a seus aspectos estritamente linguísticos, até
porque no léxico de uma língua se cruzam não só informações
fonético-gramaticais, mas também semânticas, pragmáticas e
discursivas, de acordo com os modelos da língua que se fala e das
experiências anteriores ou dos esquemas culturais do locutor. Com
essas informações, pode-se constatar que aprender uma língua não é
apenas aprender suas regras, mas ainda memorizar uma grande parte
de seu léxico.
Caminhando nessa direção, Zilles (2003, p. 5) considera que o conhecimento
lexical leva ao desenvolvimento das habilidades dos alunos tanto em termos receptivos
(leitura e compreensão oral) como produtivos (fala e escrita). Isso, segundo Conseil
(2001, p. 151), na aprendizagem de uma segunda língua possibilita o diálogo de
culturas, ou seja,
a capacidade para estabelecer uma relação entre a cultura de origem e a
cultura estrangeira;
a sensibilidade cultural e a capacidade para identificar e usar estratégias
variadas para estabelecer o contato com gentes de outras culturas;
a capacidade para desempenhar o papel de intermediário cultural entre a sua
própria cultura e a cultura estrangeira e gerir eficazmente as situações de mal-
entendidos e de conflitos interculturais;
a capacidade para ultrapassar as relações estereotipadas.
Em síntese, o trabalho com o léxico de textos literários torna-se importante, uma
vez que a literatura representa o imaginário e a construção do patrimônio linguístico-
cultural, à medida que o texto literário não apenas representa, mimeticamente, as
convenções sociais, assim como representa, simbolicamente, as experiências humanas
manifestas na forma de sentir, pensar e agir na vida social.
3.
O LÉXICO DO TEXTO LITERÁRIO NAS AULAS DE PORTUGUÊS
COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA
3.1 Algumas reflexões sobre o conto eciano
Pelo fato de o conto-córpus ser um conto, uma narrativa curta, logo no início ,
são apresentados os elementos da trama e o conflito: a morte do rei, o sofrimento da
rainha, a vulnerabilidade do pequeno príncipe e a presença dos inimigos. A partir desse
ponto, surge a protagonista, que é construída lentamente a partir da imagem do filho,
para depois ganhar contornos próprios.
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