1. Palavras iniciais
O fato é que enquanto sem gramática pouco é comunicado, sem vocabulário, nada pode ser comunicado.( WILKINS, 1975)
Este trabalho apresenta alguns resultados de pesquisas desenvolvidas pelo Grupo de Pesquisa Semiótica, Leitura e Produção de Textos— SELEPROT 311, coordenado pela Prof ª. Dr ª. Darcilia M. P. Simões( coautora deste artigo) na Universidade do Estado do Rio de Janeiro— UERJ. Temos como objetivo discutir o desenvolvimento da competência lexical do português como língua estrangeira( L2), a partir de um trabalho intensivo com textos literários.
Utilizar o léxico de textos literários, com a meta de produzir estratégias didáticopedagógicas capazes de promover a proficiência lexical dos aprendizes de português como língua estrangeira, pressupõe a necessidade de compreender a arquitetura interna de cada texto. Pela moldura teórica que Simões( 2007, 2009a, 2009b, 2016) vem construindo, a presença de trilha lexical comprova não só a riqueza do texto clássico na aquisição do sistema linguístico, como também a apropriação do sistema cultural que subjaz a língua.
Tendo em vista esses apontamentos, é necessário ao professor de Português considerar que a malha textual de um conto, por exemplo, é um objeto visual composto por uma trama sígnica capaz de oferecer pistas para a captação e interpretação do texto. Para isso, é importante destacar também o potencial icônico do léxico, que orienta a interpretação e sugere as isotopias subjacentes ao texto. No caso do ensino do Português L2, a leitura das pistas icônicas do texto fornecerá dados culturais relevantes para a aquisição de um cosmos cultural, até então desconhecido do aprendente 312.
Diante da amplitude da literatura de Língua Portuguesa, neste trabalho, escolhemos como córpus oconto“ A Aia”, de Eça de Queirós. Essa escolha sedeve aofato de a sua trilha léxica oferecer abundantes dados culturais e propiciar a formação de umabase aperceptiva favorável à captação da cultura inscrita no português, possibilitando ao aprendente articular as culturas de chegada( a da língua-objeto) e de partida( a da língua do aprendente).
Para que a apuração das trilhas léxicas presentes na superfície do texto-córpus não
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Diretório CNPQ.
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“ Na Psicopedagogia, o conceito aprendente / ensinante diz respeito a posicionamentos subjetivos / objetivos singulares, frente ao conhecimento, atuantes, simultaneamente, em todos os vínculos e em cada integrante dos vínculos: quer seja aluno-professor, pai-filho, esposo-esposa e outros, ultrapassando, portanto, o âmbito escolar( FERNÁNDEZ, 2001). In: http:// www. pucsp. br / clinica / boletimclinico / boletim _ 18 / boletim _ 18 _ 04. html.
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