Congresos y Jornadas Didáctica de las lenguas y las literaturas. | Page 747
Em seu discurso, P2 marca, ainda, a relação entre o aluno e a sociedade ao
utilizar a preposição perante, conector cuja função é a de estabelecer relações
semânticas indicando posição de fronteira ou relação simplesmente espacial da
copresença entre dois elementos (NEVES, 2000, p. 726). Para o professor, o
aluno e a sociedade são elementos diferentes: existe uma fronteira entre os dois,
o que causa o efeito de sentido de que o aluno está fora da sociedade e só é
incluído nela a partir do momento em que se torna um cidadão crítico pela ação
do professor.
Algumas reflexões, (in)conclusões que ficam
Diante da análise que empreendemos, entendemos que a estrutura escolar
não está acompanhando as mudanças necessárias para atender aos alunos da
atualidade e que o professor, que até então se via como o detentor do saber, entra
em crise de identidade. As (novas) tecnologias se constituem como o produto de
uma ideologia que tem como foco o consumismo e a competitividade. E a
instituição escolar está diretamente afetada por essa ideia, que é reforçada pelo
discurso do Estado visando a “uma educação de qualidade”.
O Estado manifesta seu poder institucional com mecanismos de controle
sobre o professor uma vez que concede “cursos” para a inserção das tecnologias
nas aulas e aparelhos tecnológicos para o uso dos professores e alunos. Contudo,
é possível verificar que esse discurso do Estado é equivocado, pois falta
infraestrutura adequada, suficiente para uma concreta e efetiva inclusão dos
professores na era digital bem como para o aprendizado perpassado pelos meios
tecnológicos. Essa realidade interfere significativamente na construção da
identidade do sujeito professor, que se sente “sufocado”, “desvalorizado”, entre
outros adjetivos utilizados por eles para se representarem em seus discursos. A
identidade do sujeito professor é abalada, modificada a todo instante, no
ambiente escolar, e o contexto histórico que estamos vivenciando acaba por
fragmentar as identidades e criar outras novas.
Pela análise empreendida, pudemos constatar como a formação discursiva
institucional perpassa o discurso do professor, pois é a partir dela que é
determinado o que pode e não pode ser ensinado em sala de aula pelo professor.
Por outro lado, o discurso do professor é o de resistência a certas determinações
do Estado, uma vez que, em seus dizeres, ao falarem de si, representam estar
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