Congresos y Jornadas Didáctica de las lenguas y las literaturas. | Page 746
sinônimos para ele; de que ter informação é o mesmo que ter conhecimento, pois
ele alega que sua função foi assumida por um veículo de informação. É possível
afirmar que o sujeito professor, ao posicionar-se como transmissor, transfere a
ação de ensinar para a de transmitir conhecimento, como se o professor fosse
apenas um fio condutor do conhecimento. Com isso, consideramos que, para P2,
o conhecimento é um tipo de objeto do qual ele se apropria para depois transmiti-
lo para o aluno, conferindo-lhe autoridade. Porém, com as (novas) tecnologias
inseridas em seu ambiente de trabalho, o sujeito se vê diante de uma
transformação, uma vez que a informação pode ser obtida pelo aluno
instantaneamente por meio das novas tecnologias; isso nos leva ao gesto de
interpretação de que não faria mais sentido o professor tentar continuar
transmitindo as informações para os alunos.
Com isso, para P2, os conceitos de conhecimento e de informação acabam
se misturando. Ao dizer que sua nova função é de ser orientador e que isso é
caracterizado como um desafio, pois agora precisa estimular o senso crítico no
aluno, o sujeito deixa emergir a imagem que ele tem do aluno: a de uma pessoa
sem criticidade e sem valores. Sua antiga função de transmissor de conhecimento
servia de fio condutor para que a informação chegasse ao aluno, mas não
favorecia a mudança, isto é, um ambiente capaz de favorecer ou instigar
transformações na realidade educacional. Aqui o efeito de sentido possível
veiculado por P2 é o de que esse aluno só se tornará um cidadão crítico após ser
modificado pela ação docente.
P2 manifesta também um sentido de disputa com os meios tecnológicos,
especialmente ao empregar o substantivo masculino desafio, o que sugere uma
dificuldade, pois, com o acesso dos alunos à tecnologia de informação, ficaria
mais difícil tornar o aluno um cidadão crítico. Com a presença das (novas)
tecnologias, as informações chegam aos alunos de modo rápido e atualizado, mas
não se pode afirmar que elas serão transformadas em conhecimento. Sabemos que
somente ter acesso às informações não garante a competência de saber o que
fazer com ela. Agora, com as informações fornecidas por meio das (novas)
tecnologias, o sujeito professor precisa ressignificar para si o que seja o
conhecimento e sente a necessidade de motivar a criticidade nos alunos ,
transformando as informações fragmentadas em conhecimento sistemático e
consistente.
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