É ainda possível averiguar no discurso de P2, ao enunciar que seu novo papel é a contribuição para a formação de um cidadão crítico, que seu discurso está ancorado no discurso advindo do Estado; mais especificamente dos documentos oficiais da educação que ditam que a escola é responsável pela formação de cidadãos críticos. Dessa maneira, o discurso do professor está atravessado pelo discurso dos PCN( Parâmetros Curriculares Nacionais):“ Numa sociedade em que se convive com a supervalorização do conhecimento científico e com a crescente intervenção da tecnologia no dia-a-dia, não é possível pensar na formação de um cidadão crítico à margem do saber científico”( BRASIL, 1997, p. 21). Aqui verificamos que o sujeito remete seu discurso a uma formação discursiva que o domina. Isso acontece por esquecimentos, em que a formação discursiva do sujeito é determinada por uma formação exterior a ele e o sujeito tem a ilusão de que aquilo só poderia ser dito daquela maneira. Isso nos mostra o quanto o discurso do professor está impregnado pelo discurso educacional do Estado, uma vez que o sujeito interioriza esses discursos e os exterioriza como um pensamento e um valor de juízo próprio.
Para nós, a formação discursiva da institucionalidade, interdiscurso que vem do Estado, que tem o intuito de normalizar e regular o trabalho do professor do ensino público, vem configurar o processo identitário do profissional / professor. É possível afirmar que as ações que o Estado exerce sobre o sujeito professor, na instituição escolar, são preocupações relativas ao controle da população, seu monitoramento, sua regulagem. O Estado manipula e comanda as atitudes e funções do professor no exercício da docência, agindo no controle do poder. Uma dessas marcas é o modo como o Estado controla o trabalho do professor por meio de documentos oficiais, como os currículos( PCN), exames nacionais, projetos e programas educacionais, entre outros. Essas formas de controle estão organizadas em torno de uma estrutura burocrática dentro do sistema educacional.
Verificamos, também, no discurso de P2, uma confusão / diferenciação do que seja conhecimento e do que seja informação. O conhecimento era algo transmitido pelo professor e a informação é algo obtido por meio da tecnologia. Ou seja, ter informação não é o mesmo que ter conhecimento. No entanto, pela maneira como esses termos são mobilizados pelo sujeito em seu discurso, transborda o efeito de sentido de que a informação e o conhecimento são
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