Congresos y Jornadas Didáctica de las lenguas y las literaturas. | Page 744
enfraquecida quando seus alunos passaram a obter informações por meio da
tecnologia – o que exige do professor outra postura: a de um orientador que
precisa ter a habilidade de subsidiar seu aluno para que ele possa transformar
toda informação obtida em conhecimento. Orlandi (2011, p. 252) fala da retórica
da apropriação, explicando que o professor “suficientemente munido de seu
diploma, e tendo o estatuto jurídico que lhe compete, o antes aluno falará do
lugar do professor, que então será próprio”. Nessa esteira, P2, ao afirmar que
“está deixando de ser um transmissor de conhecimento”, deixa emergir em sua
fala fagulhas do discurso pedagógico, que é um “dizer institucionalizado”, ou
seja, que se realiza no interior da instituição escolar. Nesse discurso pedagógico
existe a concepção de ensino como uma forma de inculcar algo, na medida em
que tem como objetivo a transmissão de conhecimento (informação) e a sua
fixação. Com isso, o sujeito professor, ao deter o conhecimento, possui
autoridade para ensinar, cabendo ao aluno aceitar como verdade os conceitos
transmitidos pelo professor sem fazer questionamentos.
Orlandi (2011, p. 17) pontua que o discurso pedagógico é autoritário. Para
ela, “Enquanto discurso autoritário, o Discurso Pedagógico aparece como
discurso do poder”. Contudo, esse discurso institucionalizado é desestabilizado
quando P2 assume que está deixando de ser um transmissor de conhecimento.
Declarando, dessa forma, que seu poder está entrando em declínio em razão do
surgimento da tecnologia, e que sua função de professor passou para a de
orientador. E como a produção dos efeitos de sentidos na linguagem se dá
mediante a articulação entre sujeito e história, o momento histórico influencia
diretamente no discurso do professor. Os fatos históricos, relativos ao modo
como a profissão docente se desenvolveu, estão na fonte de todo dizer advindo do
sujeito professor, pois sua história perpassa seu corpo e seu inconsciente,
contribuindo na construção do seu discurso, resultando na formação de saberes
que temos hoje: a de um professor orientador.
A profissão docente carrega consigo um histórico de lutas e mudanças.
Inicialmente a profissão continha um caráter religioso, como uma “missão” a ser
cumprida, tendo em sua raiz a crença de que a profissão docente é um trabalho
feito por vocação. O discurso pedagógico tem cunho autoritário (ORLANDI,
2011) e surge com o início da profissão, pois o ensino adotado no Brasil, iniciado
pela igreja católica, trouxe consigo um modelo autoritarista de ensino.
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