Em razão da extensão deste artigo, trazemos apenas um recorte, P 2, que vem contemplar o discurso do professor sobre as tecnologias para o entendimento do processo de construção da identidade desse sujeito, professor de Língua Portuguesa, do ensino básico e público do município sul-mato-grossense, do Brasil. Eis a resposta dada aos nossos questionamentos:
- P2: O professor do século XXI tem deixado de ser um transmissor de conhecimento para ser mais um orientador, os alunos tem muita informação com o avanço da tecnologia muito fácil obter informações. O desafio do professor é contribuir para que o aluno seja cidadão crítico e com valores perante a sociedade.
A partir dos predicativos de sujeito utilizados no recorte de P2 – transmissor, orientador-, podemos depreender que o sujeito estabelece uma oposição entre ser professor transmissor e ser um professor orientador. O professor transmissor tem como única função a de transmitir conhecimento; mas essa função lhe foi tomada pelo avanço da tecnologia, que dispõe de toda informação que seria passada pelo professor. Com isso, ele se vê diante do desafio de se tornar um orientador.
Ao professor orientador é atribuída a função de contribuir para a cidadania do aluno, criando nele o senso de criticidade e apreensão de valores para o convívio na sociedade. Ao diferenciar as funções do professor transmissor e do professor orientador, o sujeito apresenta uma crise de identidade, pois, ao falar de si, de sua profissão, sua imagem é abalada. Antes da tecnologia, sua imagem era a de um transmissor de conhecimento e, agora, depois da tecnologia, ele se vê como um orientador. No discurso de P2, podemos identificar uma formação discursiva autoritária, a partir do enunciado“ transmissor de conhecimento”, relativa a uma ideologia que tem um compromisso com a memória de um professor disciplinador; posto que sua“ missão” era a de transmitir conhecimento, enquanto o aluno aceitava e recebia passivamente esse conhecimento transmitido pelo professor.
Antes do advento da tecnologia, o professor era a autoridade máxima dentro da sala de aula, uma vez que era dele que emanavam todos os exercícios possíveis para a realização da aula e do conhecimento. Sua autoridade foi
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