Congresos y Jornadas Didáctica de las lenguas y las literaturas. | Page 748

“ sufocados”, o que manifesta sua vontade de mudar o“ sistema” educacional. Pode-se dizer, também, que o lugar que o professor ocupa no cenário escolar é marcado pela falta de“ voz” e que, por meio desta pesquisa, deslinda-se uma tentativa de desconstruir essa realidade, pois permitimos ao outro narrar-se e, com isso, colaboramos para a construção de sua identidade, em confronto direto com a verdade produzida pela narrativa autorizada( CORACINI, 2007).
Acreditamos, portanto, que ouvir os professores por meio dos questionários é ouvir seus gritos, que, embora sufocados, abafados, constituem resistências à desvalorização e à submissão à ordem do discurso político educacional. Consideramos que as relações de saber-poder, articuladas nos discursos do sujeito professor, reforçam o discurso regulado pela globalização, que impõe aos sujeitos uma situação de incompletude, por serem“ excluídos” pelos meios tecnológicos inseridos no ambiente escolar. O Estado, assim, promove um controle do poder sobre o saber do sujeito professor, ao impor determinadas políticas educacionais que devem ser seguidas. Esse governo não é exercido sobre o Estado, o território ou uma estrutura política, mas, sim, sobre as pessoas, os indivíduos, os homens e as coletividades( FOUCAULT, 2008, p. 164).
Pontuamos também que o silêncio constitui uma resistência e está localizado no discurso do sujeito professor, ou melhor, na falta do seu discurso, uma vez que muitos sentidos são censurados em sua fala e, também, pelo fato de não querer falar sobre sua profissão. Contrariamente ao que nos prometeram, do número de professores que foram convidados a participar desta pesquisa, apenas metade respondeu ao questionário.
Por fim, acreditamos que esta pesquisa não procurou esgotar todas as possibilidades de produção de sentidos e de diferentes métodos interpretativos; porém, esperamos ter contribuído para a compreensão da não neutralidade dos discursos, de modo a mostrar que as condições de produção influenciam diretamente na construção da identidade do sujeito, seja do aluno, seja do professor. Temos convicção, sobretudo, de que os resultados deste trabalho não podem ter um fim, mas criar um vínculo de continuidade e de novas visões sobre seu objeto, produzindo pesquisas e reflexões sobre as temáticas das relações de poder, da diversidade e das múltiplas identidades que perpassam a sociedade contemporânea.
748