Congresos y Jornadas Didáctica de las lenguas y las literaturas. | Page 740
memória discursiva e perpassa o dizer ou o silenciamento. Para Orlandi: "A
memória tem suas características quando pensada em relação ao discurso. E,
nessa perspectiva, ela é tratada como interdiscurso”, entendido como aquilo que
fala antes, em outro lugar, isto é, a memória discursiva. De acordo com Foucault
(1988, p.111), “é justamente no discurso que vêm a se articular poder e saber. E,
por essa mesma razão, deve-se conceber o discurso como uma série de segmentos
descontínuos”, cuja função tática é fluida e instável. O discurso, portanto, veicula
e produz o poder, e este, por sua vez, produz o saber. Ambos se implicam um ao
outro: não existe relação de poder sem uma constituição do saber, nem de saber
sem que se suponham relações de poder.
Dessa forma, ter conhecimento é ter poder. Do sujeito que possui saber, o
poder se produz e é por meio da manipulação do conhecimento que se torna
possível o controle de uns indivíduos sobre os outros. O poder é um dispositivo
exercido nas práticas sociais, nas quais se dá a constituição de um saber e, ao
dispositivo do poder, é atribuído um caráter de naturalidade. No bojo da
articulação foucaultiana (1987), o poder não é total e o saber não é unilateral. E
não há como conceber os mecanismos de saber e poder sem interligá-los à
resistência, pois onde há poder e saber há resistência. Existem algumas formas de
manifestação da resistência dentro do ambiente escolar. Uma delas é o silêncio.
De acordo com Orlandi (1993), o silêncio também produz sentidos. De um lado,
está o silêncio que vem da opressão e, de outro, o do oprimido (resistência),
considerado como uma forma de oposição ao poder. O silêncio não é
transparente, ele não fala, ele significa. “Impor o silêncio não é calar o
interlocutor mas impedi-lo de sustentar outro discurso” (ORLANDI, 1993, p.
105). Na política do silêncio, tem-se a ideia de que alguns sentidos são
censurados ou por um sujeito ou por uma comunidade.
O uso das (novas) tecnologias na sala de aula
Dentro do processo da globalização se desenvolvem novas descobertas
científicas e, dentre elas, estão as (novas) tecnologias de informação e
comunicação (também chamadas de TICs). Esse desenvolvimento assume, no
imaginário da sociedade, um valor de verdade, que, como consequência, por meio
de um processo de naturalização, ganha um valor de necessidade. Nesse processo
de naturalização das (novas) tecnologias, o professor se encontra numa situação
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