Congresos y Jornadas Didáctica de las lenguas y las literaturas. | Page 739

A sociedade se encontra numa mudança constante, acelerada e permanente e é justamente por esse motivo que as práticas sociais também são constantemente modificadas. Com isso, a sociedade produz uma pluralidade de identidades para os indivíduos. Para Bauman (2005), a globalização trouxe mudanças radicais e irreversíveis às pessoas. Esse sociólogo utiliza a expressão era “líquido-moderna” para a sociedade em que é preciso atender às exigências das leis do mercado de consumo, já que o status gera poder; mas ressalta que aqueles que não podem participar desse jogo tornam-se excluídos. As forças da globalização fazem com que as identidades sociais, culturais e profissionais passem por um processo intensivo de transformação, fazendo com que não exista mais uma identidade estável, segura e confiável: a identidade, na modernidade líquida, é reconstruída e moldada, infindáveis vezes. Acreditamos que o sujeito professor sofra uma “crise de identidade” que pode ser conferida na materialidade linguística de seus discursos. A crise de identidade diz respeito à utilização de concepções e métodos que não são adequados ao atual momento histórico social, uma vez que a identidade do sujeito é formada e modificada em um diálogo contínuo com o mundo cultural exterior e as identidades que esse mundo oferece. A ideia de uma única identidade é uma ilusão, “uma cômoda estória sobre nós mesmos ou uma confortadora narrativa do eu” (HALL, 2006, p.13). A crise está no fato de que a complexidade da vida atual leva a contradições entre as identidades dos sujeitos. O sujeito tem sua identidade transformada pelo modo como é interpelado pelo sistema que o rodeia, pelas várias ideologias que perpassam os discursos produzidos nessas condições de produção e que o sujeito, inconscientemente, acaba por reproduzir em seu discurso. Orlandi (2005, p. 46), na trilha de Pêcheux, afirma que o indivíduo é interpelado em sujeito pela ideologia para que se produza o dizer, o que significa que a ideologia constitui o sujeito e que o sentido do seu discurso só existe em decorrência da relação existente entre a ideologia, a história e a língua. É na materialidade linguística que a posição socioideológica do sujeito se expressa ; é por meio da língua que o discurso passa a ter existência material. As escolhas lexicais, o modo como o sujeito usa esses itens, marcam a presença de ideologias, mobilizando também vários discursos diferentes no interior de seu discurso, chamados de interdiscurso. A presença do interdiscurso é a manifestação de uma 739