dizer seja pelo calar, silenciar, aspectos esses muito importantes sobre a constituição identitária do sujeito. Esse sentimento de coerção está relacionado com as relações de poder definidas institucionalmente e que são permeadas pelo discurso.
As relações de poder se manifestam em composições escritas e faladas das instituições, como é o caso das instituições de ensino, como a“ Escola”, lugar de onde falam e são falados os sujeitos, cujos dizeres constituem os recortes desta pesquisa. Da perspectiva da AD, é possível dizer que sempre existiram as relações de saber e de poder, mobilizadas na ordem do discurso, no ato da enunciação, um poder que circula em rede, do qual todos os indivíduos fazem parte. Podemos afirmar então que qualquer um pode estar em posição de ser submetido pelo poder, mas também de exercê-lo( FOUCAULT, 1997). E dessa relação de poder surgem os efeitos de verdade que culminam em discursos que funcionam como normas na sociedade.
Trazemos aqui reflexões sobre o sujeito para interpretar as possibilidades que o discurso do professor, no contexto da era digital, apresenta a fim de compreender a construção da identidade do sujeito professor. A era digital, também chamada cibercultura, é o momento de transformação dos novos aparatos de informação em recursos de uso ordinário por parte das pessoas e instituições. De acordo com Rüdiger( 2011), durante a segunda metade do século XX, a sociedade entrou num novo ciclo de desenvolvimento tecnológico. O surgimento da expressão cibercultura situa-se nesse contexto e considera os fenômenos que nascem à volta das novas tecnologias e das formas de comunicação: redes sociais, portais, blogs, videojogos, chats, sites de todo tipo, sistemas de trocas de mensagens, comércio eletrônico, programas de televisão e rádio interativos( via internet).
Para Foucault( 1987), o discurso não tem apenas um sentido ou uma verdade, mas uma história e uma história específica. A historicidade define-se como o conjunto das regras que caracterizam uma prática discursiva. São essas regras que determinam que tal discurso, em um momento dado, possa acolher e utilizar ou, ao contrário, excluir, esquecer ou desconhecer, esta ou aquela estrutura, revelando, dessa forma, uma regularidade específica no discurso.
Os fios identitários tecidos no bojo das relações de poder
738