Congresos y Jornadas Didáctica de las lenguas y las literaturas. | Page 737
estrangeiro ‘é aquele que, fazendo a primeira pergunta, me põe em questão’, me
questiona, questiona meus valores, meus hábitos, minhas crenças; e porque me
questiona me perturba...”. Assim, ao fazer o professor pensar sobre sua realidade
e sobre si o perturbamos. Ancorados nessas reflexões, buscamos “escavar” o
arquivo para obtermos contribuições e dão suporte às afirmações apresentadas no
trabalho, sendo motivados pelos discursos dos professores sobre a inserção das
(novas) tecnologias 1 no ambiente escolar.
O controle e a epistemologia crítica de pesquisa
Compreendemos o discurso do sujeito atravessado por várias formações
discursivas, que se entrelaçam e se realizam pela língua, materializando-se nas
formulações. Diante disso, problematizamos como o sujeito se constitui pelo
discurso, perpassado por sentidos que a memória ressignifica a todo o momento.
Memória que sofre interpelação do ambiente social e das transformações
tecnológicas consequentes da pós-modernidade. De acordo com Pêcheux (1997,
p. 316),
“O
desenvolvimento atual
de numerosas
pesquisas
sobre os
encadeamentos intradiscursivos, ‘interfrásticos’, permite à AD abordar o estudo
da construção dos objetos discursivos e dos acontecimentos, e também dos
‘pontos de vista’ e ‘lugares enunciativos no fio intradiscursivo’”.
Vários foram os conceitos acrescentados, reformulados e que abriram
espaço para que a formulação teórica da AD continuasse após a morte de
Pêcheux. Numa reflexão sobre os enfrentamentos teóricos, a noção de formação
discursiva é básica na AD, pois permite compreender o processo de produção de
sentidos e sua relação com a ideologia. Essa noção abre a possibilidade de o
analista estabelecer regularidades no funcionamento do discurso. Não se trata de
neutralizar o discurso, e sim, mantê-lo em sua consistência, fazê-lo surgir na
complexidade que lhe é própria (FOUCAULT, 1987). Essa complexidade do
discurso esconde um conjunto de regras que permite formá-lo e constituí-lo sob
uma determinada condição de aparecimento na história. O sujeito imagina que o
discurso seja seu, enquanto que, na verdade, seu discurso é controlado,
selecionado, organizado e distribuído segundo as regras que sua posição sócio-
histórica lhe permite. O sujeito se sente coagido em alguns momentos, seja pelo
Integrante de Pesquisa Interinstitucional registrada no Diretório do CNPq intitulada “Repre-
sentações e Tecnologias (de si e): tramas discursivas do/no virtual”, sob a coordenação da profa.
Dra. Maria José Coracini (IEL/UNICAMP-UFMS/Brasil).
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