Congresos y Jornadas Didáctica de las lenguas y las literaturas. | Page 170
construção de esquemas de sua utilização o que ocasiona o surgimento de novos
conhecimentos que possibilitam outras alternativas de ação.
Ainda baseamo-nos, para as análises, em alguns conceitos vigotskianos, como o
conceito de internalização, de pensamento dialógico e a zona de desenvolvimento
proximal, que Fernyhough, professor e pesquisador do departamento de Psicologia da
Universidade de Durham, Reino Unido, retoma de Vigotski para desenvolver seu modelo
de desenvolvimento da compreensão social (Fernyhough, 2007).
Na teoria vigotskiana, a noção de internalização é o processo através do qual o
indivíduo, na interação com outros, reconstrói operações compartilhadas externas em um
nível interno. (Vigotski, 1931/1997 apud Fernyhough). É na zona de desenvolvimento
proximal que a criança, com a colaboração de um outro mais experiente, irá internalizar o
diálogo realizado com esse outro para regular sua própria atividade. A pressuposição na
teoria de Vigotski é que o funcionamento mental individual é social em sua origem e sua
atividade mental que é inicialmente compartilhada com outros é posteriormente
ativamente reconstruída em um plano interno. As funções mentais superiores para Vigotski
é mediada por artefatos culturais e o desenvolvimento da mediação verbal é evidenciada
no uso da linguagem auto-direcionada (fala interior).
Nossa hipótese é que esse processo de internalização ocorre na escrita do diário de
leitura, na presença inicial de um “outro” com o qual o escritor dialoga. Fernygough
(2007) adota os conceitos de voz e diálogo de Bakhtin para sustentar que esses conceitos
podem trazer expansões à teoria vigotskiana. Para o pesquisador, se o conceito de voz vai
refletir a perspectiva de outros pelo falante, tornando-se assim uma resposta a um
interlocutor imaginário, o fenômeno do diálogo põe em cena diferentes perspectivas da
realidade, em um conflito sempre aberto e essa habilidade de acomodar múltiplas
perspectivas torna o diálogo o processo fundamental na significação humana. Segundo
Fernygough (2007), a internalização das trocas dialógicas permite que o indivíduo faça
mais que apropriar-se dos enunciados do outro, mas envolve a adoção da perspectiva do
outro. Assim, segundo o autor, ao incluir em seu discurso os enunciados alheios pela
internalização do diálogo, o indivíduo também está ativamente reconstruindo aspectos de
sua perspectiva da realidade física e social. Essa perspectiva, na verdade, pode ser
encontrada nos estudiosos da linguagem através dos fenômenos das vozes e das
modalizações no discurso. Para Bronckart, o terceiro nível do folhado textual por ele
proposto, o dos mecanismo enunciativos, orientam a interpretação do leitor, buscando
obter sua adesão a um determinado posicionamento enunciativo. Segundo Broncart (1999,
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