Congresos y Jornadas Didáctica de las lenguas y las literaturas. | Page 169
Apresento os resultados obtidos, partindo da contextualização das licenciaturas no
Brasil no momento atual e explicando o porquê da entrada dessa reflexão nas aulas de
gramática. Em seguida, apresento a proposta da atividade realizada e as análises dos
resultados que indicam que a maioria dos estudantes, em sua escrita diarista, apresenta
algum dilema ou questionamento sobre sua futura profissão. Baseamo-nos, para a análise
feita, no trabalho de Fernyhough (2007), que retoma o conceito vigotskiano de
pensamento dialógico, propondo níveis de internalização do diálogo e, para analisarmos
esse processo de internalização, ancoramo-nos no modelo de análise textual de Bronckart
(1999), complementado com a Teoria Polifônica da Enunciação (Ducrot, 1987).
Pressupostos teórico-metodológicos
No quadro do interacionismo sociodiscursivo (ISD), são as práticas linguageiras
realizadas pelos indivíduos que possibilitam a interpretação das ações destes, uma vez que,
para o ISD as ações não são diretamente acessíveis e as práticas linguageiras são
importantes tanto na constituição dos saberes quanto das capacidades do agir e da
identidade das pessoas (Bronckart, 2006). Para Bronckart, apoiando-se em Vigotski, a
linguagem possui um papel mediador e, portanto, primordial no desenvolvimento humano.
Como já ressaltamos em trabalhos anteriores (Abreu-Tardelli, 2015), o ISD possui estreita
relação com as pesquisas no campo educacional, pois o desenvolvimento dos indivíduos
também ocorre pelas intervenções educacionais e daí o interesse por pesquisas que se
centrem na elaboração de materiais de ensino, métodos e instrumentos que auxiliem o
trabalho do professor e a aprendizagem dos alunos.
De acordo com Schneuwly (2008), Vigotski, postula, em uma de suas teses centrais,
a relação sempre socialmente mediatizada entre indivíduo e realidade; para Vigotski, a
relação entre o homem e a natureza é mediatizada por objetos socialmente produzidos,
constituídos da experiência de gerações anteriores que ampliam as experiências possíveis.
As ferramentas, então, em seu papel mediatizante, determinam, guiam e afinam o
comportamento do homem, assim como diferenciam sua percepção da natureza com a
qual está lidando (Schneuwly, 2008). Schneuwly (2004) postula que os gêneros são
instrumentos para agir em situações de linguagem que propiciam o desenvolvimento de
capacidades de linguagem (capacidades de ação, discursivas e linguístico-discursivas) dos
estudantes, salientando que o instrumento para ser considerado como mediador, ou seja,
transformador da atividade, é necessário que seja apropriado pelo sujeito por meio da
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