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O conceito de espetáculo e seus fundamentos
2.2. Reificação
Georg Lukács, codificador do marxismo ocidental, usa como
base para sua teoria da reificação o fetichismo de mercadoria que
Marx avança n’O Capital, isto é afirmado pelo próprio filósofo:
“Nosso objetivo é somente chamar a atenção – pressupondo as
análises econômicas de Marx – para aqueles problemas funda-
mentais que resultam do caráter fetichista da mercadoria como
forma de objetividade, de um lado, e do comportamento do sujeito
submetido a ela, de outro.” 7
Portanto, o fetiche de mercadoria é consequência natural do
sistema capitalista de produção. 8 Quando a forma de economia
mercantil torna-se dominante, universaliza-se, ela traz consigo
a reificação e o fetichismo: e a reificação tem um lado objetivo
e subjetivo, porém em ambos os lados ocorre a objetificação do
trabalho humano, ele é dominado por leis que são estranhas a
ele e apresenta-se ao homem como algo independente dele. 9 O
lado objetivo da reificação é o fato de que no mundo das mer-
cadorias e suas trocas existem leis que se opõem aos homens;
a lei se mostra como se fosse uma verdade eterna e imutável, e
por mais que ela possa ser conhecia esta é a maneira como ela se
exibe e se contrapõe ao ser humano. 10 – Sendo que, na realidade,
LUKÁCS, Georg. História e Consciência de Classe: estudos sobre a dialética marxista.
Trad. Rodnei Nascimento. 2 ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012.
p. 194, grifos do autor.
8 “A separação do produtor dos seus meios de produção, a dissolução e desagregação de
todas as unidades originais de produção etc., todas as condições econômicas e sociais
do nascimento do capitalismo moderno agem nesse sentido: substituir por relações
racionalmente reificadas as relações originais em que eram mais transparentes as
relações humanas.” (Ibid., p. 207).
9 “Desse fato básico e estrutural é preciso reter sobretudo que, por meio dele, o homem
é confrontado com sua própria atividade, com seu próprio trabalho como algo ob-
jetivo, independente dele e que o domina por leis próprias, que lhes são estranhas. E
isso ocorre tanto sob o aspecto objetivo quanto subjetivo.” (Ibid., p. 199).
10 “Objetivamente, quando surge um mundo de coisas acabadas e de relações entre
coisas (o mundo das mercadorias e de sua circulação no mercado), cujas leis, embora
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