(COM)POSSIBILIDADES:OS 50 ANOS DO MAIO DE 68 com-possibilidades_os_50_anos_do_maio_de_68 | Page 96

O conceito de espetáculo e seus fundamentos 2.2. Reificação Georg Lukács, codificador do marxismo ocidental, usa como base para sua teoria da reificação o fetichismo de mercadoria que Marx avança n’O Capital, isto é afirmado pelo próprio filósofo: “Nosso objetivo é somente chamar a atenção – pressupondo as análises econômicas de Marx – para aqueles problemas funda- mentais que resultam do caráter fetichista da mercadoria como forma de objetividade, de um lado, e do comportamento do sujeito submetido a ela, de outro.” 7 Portanto, o fetiche de mercadoria é consequência natural do sistema capitalista de produção. 8 Quando a forma de economia mercantil torna-se dominante, universaliza-se, ela traz consigo a reificação e o fetichismo: e a reificação tem um lado objetivo e subjetivo, porém em ambos os lados ocorre a objetificação do trabalho humano, ele é dominado por leis que são estranhas a ele e apresenta-se ao homem como algo independente dele. 9 O lado objetivo da reificação é o fato de que no mundo das mer- cadorias e suas trocas existem leis que se opõem aos homens; a lei se mostra como se fosse uma verdade eterna e imutável, e por mais que ela possa ser conhecia esta é a maneira como ela se exibe e se contrapõe ao ser humano. 10 – Sendo que, na realidade, LUKÁCS, Georg. História e Consciência de Classe: estudos sobre a dialética marxista. Trad. Rodnei Nascimento. 2 ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012. p. 194, grifos do autor. 8 “A separação do produtor dos seus meios de produção, a dissolução e desagregação de todas as unidades originais de produção etc., todas as condições econômicas e sociais do nascimento do capitalismo moderno agem nesse sentido: substituir por relações racionalmente reificadas as relações originais em que eram mais transparentes as relações humanas.” (Ibid., p. 207). 9 “Desse fato básico e estrutural é preciso reter sobretudo que, por meio dele, o homem é confrontado com sua própria atividade, com seu próprio trabalho como algo ob- jetivo, independente dele e que o domina por leis próprias, que lhes são estranhas. E isso ocorre tanto sob o aspecto objetivo quanto subjetivo.” (Ibid., p. 199). 10 “Objetivamente, quando surge um mundo de coisas acabadas e de relações entre coisas (o mundo das mercadorias e de sua circulação no mercado), cujas leis, embora 7 95