(COM)POSSIBILIDADES:OS 50 ANOS DO MAIO DE 68 com-possibilidades_os_50_anos_do_maio_de_68 | Page 9

Apresentação da teoria do confronto político, como por exemplo o uso das barricadas, do arremesso dos paralelepípedos e das ocupações do espaço público. A partir deste conceito de repertório de ação Teresa Marques analisa os eventos ocorridos em maio de 1968 e por fim apresenta a autocrítica da esquerda francesa e como esta alterou a esquerda mundial. Maio de 68, devido a sua mul- tiplicidade de atores políticos, demonstrou uma mescla da velha esquerda, caracterizado pelos seus movimentos tradicionais e engessados de organização política, com o repertório que estava emergindo da nova esquerda. Segundo a autora, foi um mo- vimento de dobradiça, onde pode-se testemunhar a mutação do velho em novo: deixou-se de lado ortodoxias de esquerda, e originou-se a Nova Esquerda em conjunção com os Novos Movimentos Sociais (NVM), que possuem como pano de fundo uma crítica à violência; isso pode ser evidenciado no desloca- mento da figura de Marx para a figura de autores como Foucault, Deleuze e Arendt, que faziam análises que não se encaixavam no discurso marxista ortodoxo. Em Maio de 68 e a literatura, Kelvin Falcão Klein parte das obras ficcionais de dois renomados escritores de língua espa- nhola para pensar sobre a relação possível entre os acontecimen- tos de maio de 68 e a ficção. Para fundamentar sua investigação, o autor toma, por exemplo, os romances Paris não tem fim, do espanhol Enrique Vila-Matas, e Detetives Selvagens, do reno- mado escritor chileno Roberto Bolaño, entrelaçando, em seu texto, os eventos históricos com aqueles narrados nas obras de ambos autores. A obra e a figura de Marcel Duchamp (perso- nagem central na obra de Vila-Matas) e a fictícia poeta Auxilio Lacouture, criação de Roberto Bolaño, aparecem como os fios condutores desta análise desenvolvida por Falcão Klein acerca de relação entre os eventos de 1968 e a literatura. Segundo Norman Madarasz, seu ensaio A dupla ruptura afetiva com o memorial de 1968: Releituras dos acontecimentos a partir de Godard, Hocquenghem e Duras tem por objetivo analisar os meios através dos quais se pode representar filosofi- 8