(COM)POSSIBILIDADES:OS 50 ANOS DO MAIO DE 68 com-possibilidades_os_50_anos_do_maio_de_68 | Page 10
Apresentação
camente o ano de 1968. Opondo-se à narrativa que caracteriza o
maio de 68 como um acontecimento revolucionário, Madarasz
estende sua análise para além dos eventos ocorridos na França,
ao descrever os episódios ocorridos ao redor do globo, funda-
mentalmente nos Estados Unidos Canadá, México, Brasil e Viet-
nã. Para corroborar sua tese de que o maio de 68 parisiense foi
meramente uma revolução pequeno-burguesa, heteronormativa
e protagonizada por homens brancos, o autor serve-se da obra
cinematográfica de Jean-Luc Godard e Marguerite Duras, além
da obra literária de Guy Hocquenghem.
O artigo de Juremir Machado da Silva, Maio de 1968: Balanço
de uma Utopia, realiza uma comparação da interpretação do
evento entre o filósofo Gilles Lipovetsky e o sociólogo Jean-
-Pierre Le Goff. Ambos pensadores testemunharam o aconte-
cimento, porém os dois desiludiram-se com os acontecimentos
presenciados, pois a revolução que estava ocorrendo de nada
se comparava com o que ambos acreditavam que seria. Para Le
Goff, Maio de 68 significou a vitória da sociedade de consumo,
transformando todo cidadão em consumidor antes de tudo, e
juvenilizando os adultos. A visão de Lipovetsky é menos pes-
simista: segundo ele, Maio de 68 trouxe uma revolução social,
fazendo com que, por exemplo, o autoritarismo da figura pa-
terna toda poderosa tornasse-se a figura de autoridade sempre
questionada e contestável. Maio de 68, para Lipovestky, foi uma
revolução acima de tudo sexual, que deu fim à repressão do
comportamento sexual imediato, como por exemplo o direito
de fazer sexo antes do matrimônio. Le Goff vê um novo Maio
de 68 como uma coisa impossível, pois os tempos mudaram, e
as condições que possibilitaram o acontecimento não existem
mais. Ambos os pensadores constatam a vitória do capitalismo
consumista, porém Juremir Machado afirma que Maio de 68
não foi um fenômeno anticapitalista, e sim um fenômeno com
demandas dentro do capitalismo.
O artigo O conceito de Espetáculo e fundamentos, de Pedro
Antônio Gregorio de Araujo, busca demonstrar como o teórico
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