(COM)POSSIBILIDADES:OS 50 ANOS DO MAIO DE 68 com-possibilidades_os_50_anos_do_maio_de_68 | Page 73

Norman Roland Madarasz apresenta a forma de corte epistemológico necessário para arti- cular o antes e o após 68. Desde a Résistance, Duras se afirmava fiel ao comunismo. Em uma entrevista concedida em 1970 ao programa Radioscopie na Radio France, ela defende uma po- sição diante do comunismo que se reconhece claramente nas teses contemporâneas de Alain Badiou na “hipótese” ou “ideia” comunista. “Nós somos mulheres, diz Alissa [a Elisabeth]. Olhe.” Marguerite Duras: Détruire, dit-elle (1969) Vigorosamente contrário a qualquer redução de liberda- de, o comunismo dos artistas após 68 passa a se articular pela ideia e as práticas de criação, faltando os meios para criar uma sociedade radicalmente artística. O romance (1969) e o filme (1970), Détruire dit-elle, encenara a tensão erótica vivida por mulheres em pequenos grupos por alguns anos da impressão factual deixada por maio-junho, uma reestruturação da vida passando forçosamente por um processo emancipatório trava- do que acabou sendo indiscernível da loucura. A partir deste processo, não há nem continuidade nem descontinuidade com os acontecimentos, apenas os silêncios eróticos da fulguração criativa além das determinações sociais. 72