(COM)POSSIBILIDADES:OS 50 ANOS DO MAIO DE 68 com-possibilidades_os_50_anos_do_maio_de_68 | Page 67

Norman Roland Madarasz confusão, o primeiro ministro, Georges Pompidou decretava em consequência a reabertura da Sorbonne a partir do 13 de maio. Durante o fim de semana, a juventude de trabalhadores, liderada pelo sindicato CGT, começou a se juntar aos estudantes. Até os meados de maio, o país se confrontara ao maior movimento de greve deste o período antes da Segunda Grande Guerra, com até dez milhões de trabalhadores mobilizados. Enquanto a pu- blicação de jornais no país parava, a televisão censurava. Diante da violência da repressão policial e da incerteza dian- te o uso de força letal contra os jovens, o movimento de con- testação recebeu forte apoio da população. Porém, a partir do momento em que o presidente convocava eleições legislativas para o fim de junho, a onda começou a mudar de orientação. No dia 30 de maio, quinhentos mil manifestantes se reuniram nos Champs Élysées para defender de Gaulle. Dias antes, as negocia- ções ditas “Accords de Grenelle” decretaram aumentos de salário imediato de 10 por cento na função pública e a representação sindical em todas as empresas. Satisfeitos com os resultados, os trabalhadores abandonaram a greve. Enquanto o movimento se fissurara, os gauchistes se dispersaram cada vez mais em práticas artísticas e culturais. Este declino é o que sobressaia no filme de Olivier Assayas, Après mai, uma perspectiva realizada em 2012 sobre o destino dos jovens revoltados. O filme coloca em valor a explosão da arte dos cartazes, forma trabalhada anteriormente pelo Internacional Situacionista. O cartaz se transformara em um verdadeiro tesouro de criação coletiva na época, sendo que teve um impacto ímpar sobre o cinema francês que adotou sua escala reduzida no objetivo político de reeducar as emoções e os afetos. Portanto, maio de 68 representa uma introdução libidinal à política da insurreição. De fato, não era uma revolução, mas um acontecimento. Na tradicional escala de classificações de orien- tações políticas, não se inseria. A liderança do movimento de tendência situacionista era radicalmente anti-PCF, como contra todas as instâncias de autoridade – ou quase. Houve a fragmen- 66