(COM)POSSIBILIDADES:OS 50 ANOS DO MAIO DE 68 com-possibilidades_os_50_anos_do_maio_de_68 | Page 60

A dupla ruptura afetiva com o memorial de 1968... Le Gai Savoir. 95 min. FRA/DEU | 1968 | dir. Jean-Luc Godard, com Juliet Berto, Jean- Pierre Léaud, Anne Wiazemsky. O filme é a encenação por um processo de reeducação, pelo cinema, do mundo, e do cinema: “Desde a invenção do cinema falante, nunca houve um filme falado”, entona Jean-Pierre. 4 As imagens replicam: “não acreditamos mais em verdades eviden- tes.” Personagens amadores entram e saem do quadro enquanto a voz do autor, transfigurada em narrador, se grava sussurrando, até extirpada, rebobinada, em uma explosão estrondosa evocan- do tanto o brutismo dos futuristas quanto a música eletroacús- tica do maestro Stockhausen. Assim inicia-se a re-escuta da voz, a análise da imagem pelo som e do som pela imagem, até faltar a imagem, até faltar o som, na aceleração do espiral crítico em toda sua variedade. Visa-se à crítica da identidade pessoal e de classe, e da ideologia da experiência vivida (vista pelo existencialismo) mantida pelo grande cinema narrativo. Alista o nome dos culpados: “Dreyer, Bresson, Antonioni...”. 4 59 As citações provem da sequência entre 37 min a 46 min 13 do filme.