(COM)POSSIBILIDADES:OS 50 ANOS DO MAIO DE 68 com-possibilidades_os_50_anos_do_maio_de_68 | Page 27

Teresa Cristina Schneider Marques Régis Débray está entre os intelectuais franceses que fizeram parte dessa geração 43 . Contudo, a partir de meados da década de 1970, a Nova Esquerda passou a romper com essa valorização da violência proposta pela geração de Régis Débray. Segundo Sid- ney Tarrow, esses militantes abandonaram os métodos violentos de combate para dar lugar à formas pacíficas de ação política. Assim, buscaram se diferenciar da velha esquerda, tentando chamar a atenção da imprensa, do meio estudantil e das auto- ridades para novos temas 44 . Esse rompimento foi resultado de um processo de autocrí- tica e avaliação dessa opção pela violência realizado pelos so- breviventes da repressão que destinadas aos grupos armados a partir de 1968. O aniquilamento das organizações e morte dos militantes, bem como a derrota das experiências socialis- tas e/ou armadas forçou essa revisão 45 . Além disso, na França, assim como no Brasil, acontecimentos tais como a derrubada do governo socialista de Allende em 1973, representaram um duro golpe para a esquerda 46 , forçando o reposicionamento dos militantes que haviam sobrevivido. Como resultado, essa avaliação e autocrítica fez com que emergisse “uma esquerda alternativa”, que era guiada por ideias totalmente diferentes daquelas que guiaram a esquerda armada da década de 1960. Entre as ideias que guiavam essa esquerda alternativa, devemos destacar “a valorização do cotidiano, do indivíduo, das relações pessoais, a valorização dos sentimentos e das emoções” 47 . Assim, percebe-se que a esquerda alternativa que surgiu nos primeiros anos da década de 1970 valorizava a subjetividade e abandonou as formas de ação que recorriam à violência. Além disso, é importante destacar a crítica às “rígidas formas de orga- 43 RIDENTI, Marcelo. O fantasma da revolução brasileira. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1993. p. 45. 44 TARROW, 2009, p. 199. 45 ARAÚJO, 2000, p. 98. 46 MARQUES, 2011; MARQUES; 2017. 47 ARAÚJO, 2000, p. 43. 26