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Maio de 1968 e a transformação dos repertórios de ação coletiva na França
Todavia, argumentamos que a Nova Esquerda dissiden-
te, todavia, mostrou ser apenas o momento “dobradiça” ou a
transição entre a velha esquerda e a “esquerda alternativa”. A
“esquerda alternativa” deu espaço para os “novos movimentos
sociais”, marcados pela crítica ao uso da violência enquanto
repertório de ação.
4. A autocrítica da esquerda
Com o intento de se voltar para a ação, o heroísmo, a ousadia,
a Nova Esquerda dissidente que protagonizou 1968 procurou
justificar o uso da violência, inclusive teoricamente. Hannah
Arendt no livro Sobre a violência, procurou criticar as justificati-
vas apontadas por essa geração de esquerda que emergiu no final
da década de 1960 para o uso da violência enquanto estratégia
política. Segundo Arendt, para os jovens que faziam parte da
Nova Esquerda, a violência era um valor em si, e não apenas
um instrumento de defesa. Segundo a justificativa teórica que
elaboraram para tal posicionamento, a violência inclusive seria
responsável pela construção de uma identidade e pelo regaste
da integridade e do amor-próprio dos indivíduos. Sendo assim,
conclui que foi essa linha de pensamento que levou com que
existisse uma supervalorização da ação entre os grupos políticos
da Nova Esquerda 41 .
Na França, isso ficou claro nos embates dos estudantes com
a polícia em 1968 e no apoio que era oferecido às guerrilhas e
movimentos anticoloniais. Sendo assim, eles procuravam de-
monstrar o seu apoio aos Argelinos na guerra que a França
travava contra a Argélia (1954-1962), aos vietcongues na guerra
contra os Estados Unidos que ocorreu entre (1959-1975), e aos
movimentos de guerrilha na América Latina durante a década
de 1960 42 .
41 ARENDT, Hannah. Sobre a violência. Rio de Janeiro: Relumé-Dumará, 1994. p. 18-21.
42 ARAÚJO, 2000, p. 54.
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