(COM)POSSIBILIDADES:OS 50 ANOS DO MAIO DE 68 com-possibilidades_os_50_anos_do_maio_de_68 | Page 25

Teresa Cristina Schneider Marques Gaullista ocupou toda a avenida Champs-Elysée com mais de 700 mil manifestantes no dia 30 de maio 36 . Estrategicamente, foram convocadas novas eleições para 23 de junho, o que foi decisivo para que o movimento gradualmente se dissolvesse 37 . Nas urnas, os partidos esquerdistas perderam, o que confirmou a mudança de opinião de uma parte considerável da população com relação às revoltas. Além disso, segundo Daniel Aarão Reis, é importante desta- car que a derrota dos partidos de esquerda nas eleições demons- trou o quanto estes estavam distantes do movimento. Para Reis, a espontaneidade e as proporções da revolta de maio de 1968 surpreenderam os partidos esquerdistas, que, de certa forma, assumiram uma posição coadjuvante no confronto 38 . Ocorre que, em realidade, os líderes do movimento de 1968 haviam tido uma ligação com os partidos tradicionais de es- querda – socialistas ou comunistas – e haviam rompido ou sido expulsos destes, por discordarem das suas formas de ação. Conforme já colocado, incentivados pelos relatos heroicos da segunda guerra e dos conflitos anteriores, a geração de 1968 acusava os partidos de esquerda tradicionais – especialmente o Partido Comunista Francês (PCF) – de serem conservadores e excessivamente cautelosos e passivos 39 . Dessa forma, a geração que participou do movimento de maio de 1968 rompeu com os partidos tradicionais e fez com que emergisse a chamada “nova esquerda dissidente”. Segundo Araújo, esse fenômeno não se restringiu à França, pois pôde ser observado em diversos outros países. Assim, se na França emergiu a “gauche proletaire”, nos Estados Unidos, emergiu a “New Left” (da onde se originou o termo) e diversos outros países, tais como Alemanha e Itália, também observaram a emergência do mesmo fenômeno 40 . 36 BECKER, 2000, p. 137. 37 ARAÚJO, 2000, p. 53. 38 REIS FILHO, Daniel Aarão; MORAES, Pedro de. 1968: a paixão de uma utopia. 3ª. Ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1988. 39 ARAÚJO, 2000, p. 35. 40 ARAÚJO, 2000, p. 36. 24