(COM)POSSIBILIDADES:OS 50 ANOS DO MAIO DE 68 com-possibilidades_os_50_anos_do_maio_de_68 | Page 21

Teresa Cristina Schneider Marques entre as universidades francesas de maior prestígio e apoiou o movimento nascido em Nanterre, organizando um comício em solidariedade aos estudantes dessa universidade. Em resposta, a polícia francesa invadiu a Sorbonne, o que é considerado por muitos estudiosos do tema, como sendo o marco de início do “maio francês” 24 . Antes disso, a invasão do prédio administrativo de Nanterre, no dia 22 de março, incentivou a suspensão das aulas na universidade no dia 02 de maio e a punição de alguns líderes estudantis, tais como Daniel Cohn-Bendit 25 . A resposta repressiva do Estado incentivou os estudantes a ampliarem o repertório de ação do movimento com formas de ação consideradas proibidas pelo Estado. Nesse sentido, as bar- ricadas assumiram um papel central no repertório de ação dos revoltosos. As barricadas, cuja utilização enquanto repertório de ação na França data do século XVI, sempre tiveram uma forte função simbólica: ao reivindicar a função de proteção coletiva, almejam incentivar a solidariedade e, ao mesmo tempo, indicar que não há diálogo e sim, um combate violento com o Estado. Em outras palavras, a construção de barricadas funciona ao mesmo tempo enquanto uma denúncia da violência do Esta- do e como uma convocação à luta. Dessa forma, na França, as barricadas carregam o peso da tradição revolucionária, segundo Traugott: Suas funções simbólicas e sociológicas, que sempre desempenha- ram um papel real ainda que menos visível, veio cada vez mais à frente. As grandes barricadas da Comuna eram, em sua maioria, peças de exibição elaboradas para inibir a invasão da capital. Sua principal contribuição foi mobilizar futuros combatentes e reforçar os vínculos de solidariedade entre eles, expressando o senso de identificação com as ações e valores das gerações de insurgentes que vieram antes. Desta forma, a barricada se tornou tanto uma 24 ARAÚJO, 2000, p. 53. 25 BECKER, Jean-Jacques. Histoire politique de la France depuis 1945. Paris: Armand Colin, 2000. p. 135. 20