(COM)POSSIBILIDADES:OS 50 ANOS DO MAIO DE 68 com-possibilidades_os_50_anos_do_maio_de_68 | Page 103

Pedro Antônio Gregorio de Araujo fessa sua destruição inerente, porém de maneira autocrítica: ela busca ir além das formas de expressão clássicas. Como exemplo disto, cito a obra de James Joyce, cujos livros, característicos do modernismo, foram revolucionários em quesito de escrita e prosa; uma obra que brinca com a língua inglesa como uma criança brinca com seus brinquedos. O que propriamente a constitui enquanto arte moderna autônoma é, portanto, a sua assunção da crise – pondo-se a si mesma como o lugar da ‘autodestruição crítica’ – da experiência e da linguagem comuns da tradição. Liberada para sua autonomia, pela destruição de seu antigo ethos histórico, a arte moderna se constitui enquanto tal ao se colocar como uma experiência na qual aquela destruição é assumida, segundo Debord, ‘criticamente’. 33 3. Posicionamento pessoal fundamentado (triangulação) Concordamos com as afirmações de Aquino acerca da cen- tralidade que Guy Debord faz à comunicação que é fragmentada sob o capitalismo: se não há autonomia nem liberdade autêntica, não podemos ter uma linguagem comunicativa que seja direta. Assim como Lukács demonstrou, uma característica marcante do capitalismo moderno é a fragmentação e a atomização. As contribuições de Debord e da Internacional Situacio- nista são importantíssimas se quisermos compreender como a sociedade capitalista, o dito capitalismo tardio, funciona: o capitalismo não é algo imutável atualmente, mas sim comple- tamente mutável. É o sistema econômico que consegue integrar dentro de si até mesmo as teorias de seus críticos mais ferrenhos, consegue ser racional e irracional; ter uma e várias máscaras; é autocontraditório; e como podemos ver, é o sistema que tem como inato o fetichismo da mercadoria e a reificação. Assim 33 Ibid. 102