China: Pena de Morte e Direitos Humanos CHINA: Pena de Morte e Direitos Humanos | Page 4

PERSISTÊNCIA CHINESA

O medo de “sucumbir ao imperialismo” pode ser uma explicação do porquê tratar tão duramente crimes relacionados ao tráfico de drogas. Dentre os 55 crimes passíveis de execução, esse é o motivo mais comum para a sentença. A China, no século 19, enfrentou um problema grave por conta do consumo de substâncias ilícitas. O ópio, altamente viciante, foi exportado em larga escala à China pela potência imperialista da época, a Inglaterra. A droga rapidamente se espalhou pela população, e afetou tanto os cidadãos comuns, como os membros do governo, e até os soldados do exército. Duas guerras foram travadas por causa disso, e o uso e comércio da droga só foram banidos de vez em 1949, com a tomada de poder pelos comunistas.

Vamos comparar as situações. Na época, a droga se espalhou pela população ao ponto de preocupar o Estado, por causa da dependência química, que gerava a degradação física e moral dos usuários.

Ao tentar combater a venda da droga, perdeu as duas guerras e precisou assinar tratados que abriram espaço de comércio com as potências ocidentais e a perda do território de Hong Kong por 100 anos. Dificilmente essa situação se repetiria da mesma forma nos dias de hoje, mas a expansão do consumo de drogas no país poderia sim causar o aumento da criminalidade, e a dependência química impossibilitaria o usuário de trabalhar. Se a violência aumenta, e a economia cai, fica bem mais difícil para um governo se manter no poder. Ao observarmos as medidas controladoras chinesas, como a do acesso restrito à internet, fica claro que o objetivo é impedir o desenvolvimento de qualquer mecanismo que dificulte a manutenção do poder atual, e a consequência de flexibilizar o combate às drogas pode ser um mecanismo, nos olhos do PCC.

"Nas condições atuais, a China não pode abolir a pena de morte. Se [ela] fosse prematuramente abolida, isso provocaria um aumento da criminalidade", disse o Global Times, uma publicação do grupo Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista Chinês.

4

Essas palavras deixam claro o temor do governo chinês com o fim das execuções. Isso se deve ao histórico controlador do país; e como vêm dando certo tanto economicamente com o crescimento monstruoso, e politicamente, pela continuação do sistema político com apoio de boa parte da população, é fácil entender porque o PCC tem receio de interferir no “time que está ganhando”.