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A solidão nos relacionamentos amorosos
O último Censo do IBGE revela que 70% dos brasileiros se casam com parceiros de mesma cor, isto é, pessoas brancas se casam com pessoas brancas. Mas 52,52% das mulheres negras ficavam sozinhas. Esse dado tende a ser ainda maior quando são analisadas as mulheres pretas, aquelas de pele mais escura. “Uma vez eu ouvi de um menino, que eu gostava, e que era negro, que ele tinha vergonha de apresentar uma menina negra para os pais, porque os pais dele não iam aceitar.”, recorda a trancista Jhozy Azeredo.
“A sociedade olha para a mulher negra com a ideia de que ela serve para ser doméstica ou para ser aperitivo sexual”, analisa Jhozy. “O homem negro sabe dessa solidão da mulher negra. Mas, muitas vezes, ele se aproveita disso e faz juras de amor, mas [diz que] não pode andar sair na rua de mãos dadas com ela. Aí, quando a gente encontra ele na rua, está de mãos dadas com uma mulher branca”.
Para a empresária e ativista Sazana Martins, a compreensão da construção da noção do gosto do homem pela mulher branca como sendo “para casar” e da negra “para sexo”, pode ser explicada historicamente. “O que determina que a mulher negra não deva ser considerada a ‘mulher para casar’ em detrimento da mulher branca? Ou ainda ‘Qual a razão para que esta preferência se perpetue?’ configuram-se passos fundamentais para a entendimento do que se configura como direito e poder sobre a própria afetividade. Não há como levantar tais questões sem buscar as respostas na história da sociedade brasileira e da humanidade como um todo”, avalia.