O relacionamento entre os moradores de uma instituição de longa permanência é um fenômeno complexo, porque depende da disposição e expectativas deles, além das condições externas que favorecerão ou não a formação de vínculos afetivos. Alguns autores afirmam que o relacionamento entre os residentes é identificado como algo incerto e circundado de problemas, em que se observa a presença de insensibilidade e desinteresse na construção de novas amizades (Silva, Menezes, Santos, Carvalho & Barreiros, 2006).
Isso aconteceu pelo fato de termos chegado com calma, explicado de forma mais informal e com cuidado, deixando eles mais a vontade deu o sentido de confiança, de forma a quererem se expressar quanto a outras coisas.
E diante as falas ou os silêncios, o que se observa são os gestos e as expressões faciais diante de certas lembranças e perguntas. Onde no decorrer das entrevistas, foi passado para nós por parte da equipe de cuidados que pela manhã tinham passado um grupo fazendo entrevistas sobre como era a vida antes deles antes de estarem ali e isso mexeu muito com todos. Onde essas lembranças trouxeram mais fortemente algumas emoções e decepções.
Como ressaltam Araújo, Coutinho e Saldanha (2006) o papel da família é fundamental para que o idoso sinta-se amparado, e não marginalizado. O desaparecimento desses laços traduz-se em limitação da capacidade de movimento e em deterioração do seu estado moral e de saúde.
Na discussão com o grupo quanto as falas dos outros entrevistados, é notório perceber a tristeza de muitos e a falta de perspectiva, de solidão.
O sentimento de solidão, geralmente, ocorre quando se procura companhia de alguém e não se acha, quando as palavras não encontram um ouvido para escutá-lo e se deterioram em ruminação; quando a dor, a saudade, a mágoa tornam-se muito pesadas por falta de um ombro amigo onde derramar as lágrimas; quando o alegre é percebido ou lembrado, mas não se atualiza em um rir junto; quando já não se conta inteiramente com alguém e em ninguém se consegue confiar. (BARRETO, 1992).
Muitos idosos se sentem presos nas instituições asilares, pois têm que cumprir as normas e rotinas existentes nos asilos; os horários para alimentação, saídas e outros; e, para idosos independentes, isso é uma interferência em suas vidas, em seus hábitos, tornando-as pessoas limitadas, gerando conflitos e insatisfação, levando-as na maioria das vezes, ao isolamento e à solidão (OLIVEIRA, 2006).
Além disso, muitos estão já acostumados com o fato de não poderem fazer o que tem vontade, pois existem regras, tais como: não assistir mais TV em determinado horário, que muitas vezes é hora do jogo de futebol. Perdendo assim, momentos que lhe dão prazer e satisfação.
Ressaltando isso, Vieira (1996) registra que, em síntese, a vida institucional “como regra, é marcada pela monotonia e pelo tédio, pela solidão e depressão, pelo isolamento e desconsolo, pela rotina e falta de perspectivas..”
Apesar disso, há quem esteja bem e queira estar ali. Onde se sentem confortáveis e bem cuidadas. Como é o caso de uma das senhoras, que pediu o filho para que a levasse pra lá, pois ela teria tudo que precisaria e não daria trabalho para ele e nem para a família.
Vale salientar que o idoso quando se encontra asilado se aproxima de outras pessoas da mesma faixa etária, e de outras também, através de contatos com os profissionais que trabalham na instituição e a comunidade, por isso, acaba se socializando mais, interagindo e se integrando com outros indivíduos, adquirindo novos hábitos sentindo-se inserido e capaz de viver em sociedade, consequentemente, mais realizado e feliz (OLIVEIRA, 2006)