Caderno de Resumo do III SIICS Caderno de Resumos do III SIICS | Page 386
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“O QUE IMPORTA AGORA É DAQUI PRA FRENTE”: A HISTÓRIA DE CANUDOS
RETIFICADA ATRAVÉS DA METAFICÇÃO HISTORIOGRÁFICA EM A CASCA
DA SERPENTE, DE JOSÉ J. VEIGA
Wagner dos Santos Rocha
[email protected]
Orientadora: Maria Suely de Oliveira Lopes
[email protected]
Universidade Estadual do Piauí
RESUMO: “E se Antônio Conselheiro tivesse sobrevivido à morte em Canudos?”, essa é a
pergunta que guia a narrativa de A casca da serpente (1989), sexto romance de José J. Veiga.
O romance joga com a história e a ficção, a fim de retificar os acontecimentos de um dos eventos
mais controversos e relevantes do início do Brasil Republicano e cria uma narrativa onde o
Conselheiro ainda vive e tenta reerguer sua comunidade olhando para o passado e tentando não
repetir os mesmos erros de outrora. Veiga interfere diretamente na história conhecida a
ficcionalizando e trazendo à tona um novo olhar sobre os rumos que Canudos tomou e também
sobre a figura enigmática do seu maior símbolo, que desde Os sertões já descrito com um ar
soturno por Euclides da Cunha. Com o romance, o autor goiano constrói o que Linda Hutcheon
denominou de metaficção historiográfica, uma narrativa auto reflexiva, que de maneira
paradoxal se apropriam de acontecimentos e personagens históricos, e assim dá vazão para se
repensar e reelaborar formas e conteúdos do passado. Logo, o presente trabalho tem por objetivo
organizar uma análise crítico-teórica do romance A casca da serpente enquanto um romance
metaficcional e historiográfico a partir das considerações feitas por estudiosos da área. Dessa
forma, lança-se um olhar tanto para essa manifestação cada vez mais presente em um contexto
pós-moderno, como também para a obra de José J. Veiga, um dos mais sólidos ficcionistas da
contemporaneidade brasileira. Nomes como Waugh (1984), Costa Lima (1989), Hutcheon
(1991) e Bernardo (2010) dão suporte teórico a esta pesquisa.
Palavras-chave: Metaficção historiográfica. José J. Veiga. Antônio Conselheiro. Canudos.