Caderno de Resumo do III SIICS Caderno de Resumos do III SIICS | Page 327

Página | 327 os processos de mudanças sociais e climáticas do Brasil, eles sempre estiveram aqui em terras brasileiras, e através de muitas mudanças sociais, eles também tiveram impactos em seu cotidiano, seja ele cultural ou populacional. O indígena de hoje do século XXI, não é mais aquele do período colonial, como muitos por aí insistem em percebê-los desta forma, por isso, muitos ainda os denominam de índios, desconsiderando o verdadeiro sentido da história brasileira e a expressão “indígena” que é mais correta e mais diversa, ao falarmos de tantos povos com suas diversidades culturais e tradicionais, precisamos urgentemente conhecer e se aprofundar mais sobre nosso povo, para que possamos lutar pela sobrevivência de um povo tão importante na história brasileira. Em meio a diversas transformações em nosso país, a história e os relatos que foram registrados em algumas obras e livros didáticos, sofreram modificações tanto na interpretação como também das visões equivocadas que muito tempo estiveram sendo repassada da maneira incorreta, são visões que distorcem as imagens e documentos desde o período de colonização brasileira, sempre tratados de maneira generalista. As representações que foram inseridas e construídas ao longo tempos pelos estudantes, causaram uma série de equívocos que se desenvolveram até chegarem no ensino superior, estas imagens são um recorte do que aprenderam na escola, em suas famílias e nas mais variadas formas de aprendizagem social que existem, principalmente na maneira de como é abordado essa discussão. Diante de tantas variações linguísticas e denominações, podemos perceber duas formas de se referir a estes povos, percebemos em muitas obras científicas e muitas pessoas usam a palavra “índio” ou “Indígenas”, mas na verdade qual o verdadeiro sentido das duas palavras para com esses povos? Indígenas é uma palavra bem adequada a esses povos tão diversificado, pois há uma imensidade em vários locais, a expressão “índio” se remete muito ao passado e as visões coloniais, pois foi a primeira forma de denomina – los, índio é uma linguagem muito superficial do que esses povos representam para o Brasil. A sociedade brasileira deve estar ciente que “é preciso partir do reconhecimento de que o conceito ‘índio’ está vinculado intimamente a estereótipos genéricos produzidos pelo censo comum europeu e brasileiro ao longo dos séculos desde a época de Cabral” (BERGAMASHI; ZEN; XAVIER; 2012, p.18). Mesmo estando no século da informação e do grande crescimento tecnológico, ainda continuamos convivendo com gravíssimos erros que se cometeram por décadas diretamente aos indígenas. Baniwa, faz uma análise sobre algumas contradições referente ao indígena, ele divide em três perspectivas, “a primeira diz respeito à antiga visão romântica sobre os índios, presente desde a chegada dos primeiros europeus no Brasil”, essa é a visão criada pelos invasores assim que chegaram na América, “a segunda perspectiva é sustentada pela visão do índio cruel, bárbaro, canibal, animal selvagem, preguiçoso, traiçoeiro e tantos outros adjetivos e denominações negativos”, assimilações previamente equivocada antecipadamente, antes de se conhecer o real espírito dos povos e sua riqueza de saberes, “a terceira é sustentada por uma visão mais cidadã, que passou a ter maior amplitude nos últimos vinte anos, o que coincide com o mais recente processo de redemocratização do país iniciado no início da década de 1980” (BANIWA, 2006, p.35-36). A sociedade tem equívocos que se desenvolveram ao longo dos tempos na concepção de muitos brasileiros, pois a forma que fora registrada e abordada a história desde seu início, foi totalmente de forma omissa e estereotipada, sendo valorizada apenas os interesses de quem a começou a escrever, e daqueles que sempre defenderam a afirmação da descoberta do Brasil em 1500, seria de fato mais proveitoso que a sociedade conhecesse o real acontecimento dos fatos desde o seu redescobrimento. Freire (2000) destaca algumas destas ideias que são mais vistas no meio social e na visão de boa parte da população que desconhece os fatos, os mais conhecidos são “índio genérico, culturas atrasadas, índios fazem parte do passado e o Brasileiro não é índio”, esses equívocos estão sendo à tona quando se percebe algo referente aos indígenas, são afirmações que insistem na concepção da maioria da população, onde o ego fala bem mais alto. Em seu artigo, Cinco ideias equivocadas sobre o índio. Freire (2016) traz algumas abordagens de percepções e equívocos mais vistos no meio da sociedade. Primeiro equívoco o índio genérico