Caderno de Resumo do III SIICS Caderno de Resumos do III SIICS | Page 328

Página | 328 - é como se houvesse uma única língua falada por todos os povos indígenas, apenas uma cultura, uma só crença, mesmos costumes, as mesmas tradições e saberes. Mas de fato não é bem assim, pois os povos indígenas são distribuídos pelo país e assim como na sociedade em cada região tem seus dialetos e variedades linguísticas e culturais no meio social indígena também há, “hoje vivem no Brasil mais de 200 etnias, falando 188 línguas diferentes. Cada povo tem sua língua, sua religião, sua arte, sua ciência, sua dinâmica histórica própria, que são diferentes de um povo para o outro” (FREIRE, 2016, p.6). Segundo equívoco é aquele indígena visto da mesma forma dos demais, a ideia é de que todos são iguais e fazem as mesmas coisas dos demais povos. Culturas atrasadas – é uma visão de que a cultura indígena não anda, não teve desenvolvimento durante todos estes anos, a ideia quer lembrar os tempos de colonização e se remete sempre a questão como os chamavam nativos, e pelo simples motivo deles viverem em suas aldeias seus costumes continuam isolados e preso no tempo. É como se a sociedade indígena estivesse estagnada no passado e vivesse do passado para sobreviverem, muitos pensam desta forma por não terem acesso e verem de perto a realidade nas comunidades indígenas, pois na história da sociedade o que podemos perceber é que os “povos indígenas produziram saberes, ciências, arte refinada, literatura, poesia, música, religião... e durante muito tempo pensaram os colonizadores e como ainda pensa muita gente ignorante” (FREIRE, 2016, p.8). Terceiro equívoco Culturas Congeladas – Nenhuma cultura sequer poderia ficar congelada no tempo, pois toda cultura muda e diante de tantos anos de transformações sociais e naturais que já enfrentamos, este equívoco quer desmerecer a atual cultura dos povos indígenas, fazendo uma referência ao modelo de cultura do período colonial, de fato subjugado pelos colonizadores invasores da América, pois “enfiaram na cabeça da maioria dos brasileiros uma imagem de como deve ser o índio: nu ou de tanga, no meio da floresta, de arco e flecha, tal como foi descrito por Pero Vaz de Caminha” (FREIRE, 2016 p.13). Os indígenas nunca deixarão de ser indígenas, se tiverem contato com outras culturas e vivências da sociedade, eles sempre terão em suas veias o sangue indígena de luta e resistência, assim como todos nós temos traços indígenas e não podemos dizer que não somos indígenas. Quarto índios fazem parte do passado – Um dos equívocos mais preocupante é pensar que os indígenas, são do passado, presos no então momento colonial e que fazem apenas parte do início história do Brasil, quando se fala em povos indígenas muitos ainda fazem a comparação ao passado, pois muitos desconhecem sobre história e cultura e continuam na onda do achismo como muitos defendem por aí, de fato “os índios, é verdade, estão encravados no nosso passado, mas integram o Brasil moderno, de hoje, e não é possível a gente imaginar o Brasil no futuro sem a riqueza das culturas indígenas” (FREIRE, 2016, p.17). Quinto o brasileiro não é índio – Dizer que o brasileiro não é indígena, é um crime contra a história deste país e contra nossa sociedade, na verdade somos todos indígenas, pois em nossas veias corre sangue indígena, nossos traços culturais, sociais e tradicionais, há forte ligação com os povos indígenas, percebe-se que “a tendência do brasileiro hoje, é se identificar apenas como vencedor – a matriz europeia – ignorando as culturas africanas e indígenas” (FREIRE, 2016, p.20). Há sempre um discurso de fortalecer a cultura de fora desde o colonialismo e desconsiderar a cultura que por aqui já havia e se desenvolvem até chegar em nossas gerações. Há uma herança histórica muito forte do passado em desprezar e menosprezar o contexto cultural dos indígenas deste país, por outro lado surge sempre a ideia de que os colonizadores foram os mais importantes na construção da história brasileira, as abordagens feitas em relação aos colonizadores, exalta e traz um sentindo de superioridade maior do que as culturas e costumes que já haviam por aqui. Visões atrasadas e fora do contexto atual, onde há sempre a tentativa de rebaixar a nossa cultura e costumes, predominando sempre o preconceito numa sociedade onde muitos são desinformados e ignorantes sobre sua própria história e muitos desconhecem até o que é cultura. Essa visão é de que os indígenas, não se desenvolvem culturalmente que são parados no tempo, que nunca deixaram de ser aquele índio nativo, que o uso das tecnologias, modo de se vestir, alimentação variada, deixariam de ser índios, apenas