Caderno de Resumo do III SIICS Caderno de Resumos do III SIICS | Page 315

Página | 315 falarmos do nascimento do Movimento Indígena, é necessário fazer uma demarcação temporal para que possamos entender o momento histórico” (MUNDURUKU, 2012, p.51). Segundo Baniwa (2006), a definição mais conhecida entre os povos indígenas em seus aldeamentos e pelos seus líderes, “é o conjunto de estratégias e ações que as comunidades e as organizações indígenas desenvolvem em defesa de seus direitos e interesses coletivos” ele ainda faz um alerta e diz que movimento indígena, não é a mesma coisa de “organização indígena” (BANIWA, p.58). Foi um período de muitas mobilizações Brasil afora, que deveria sair de suas fronteiras e surgir de forma ampla e planejada, pois o movimento previa ações para o momento e para o futuro das sociedades indígenas, era de grande importância para que todos pudessem ver as movimentações indígenas espalhadas pelo país. Deste movimento que acabara de nascer, surgiriam pautas da luta indígena e que na próxima década, seriam conquistadas e implantadas no Brasil, pois a década de 80 traria uma nova Constituição à nação brasileira, e nesta nova constituinte precisaria ter direitos indígenas amparados pela mesma, por isso a necessidade e importância em ter um movimento organizado e sensível às causas indígenas. Nos anos de 1980, a organização do MIB “foi tomando forma e ganhando força, porque foi assumindo uma característica própria no momento mesmo em que as assembleias davam notoriedade à ação da Igreja Católica [...]”, que estava a favor dos indígenas naquele momento, pois, sempre haviam interesses internos da igreja e externo da sociedade dita não indígena, com o discurso de sempre “civiliza-los” a sociedade como se eles não fossem humanos como os demais grupos sociais (MUNDURUKU, 2012, p.53). De acordo com Mundunruku (2012) notou-se avanços no decorrer do início da trajetória indígena no país, surgindo muitas ações, as primeiras foram acordos de manter vivo o diálogo com as lideranças locais, regionais e com autoridades do alto escalão do Estado brasileiro, para que se tornasse cada vez mais visível a luta e o movimento indígena em todas as regiões de forma organizada, sendo assim poderiam construir laços e acordos que gerassem o mais proveitoso e permanente diálogo para assim conseguirem grande feitos aos indígenas. Munduruku (2012) relata que os anos de 1980 foram anos, onde o MIB teve muita força, pois tiveram várias junções e aliança com outras entidades e instituições civis organizadas perante a sociedade que de fato caminhou lado a lado, com interesses que favoreciam as causas sociais, fortalecendo sempre a ideia de popularizar e incluir nas pautas o movimento indígena, a ideia de trazer visibilidade nacional da questão do movimento teria que ser fortalecida diante do cenário político vigente, por isso a necessidade da mobilização em prol da causa indígena, já que os olhares para o mesmo não era tão plausível. Pois o período militar defendia com unhas e dentes, a ideia de que o Brasil estava em ordem nacional pelo fato dos militares está no poder, e qualquer movimentação social, que pudesse vir a acontecer assustava o sistema da ditadura, passaram então “a perseguir e acusar os líderes de abrir as fronteiras aos estrangeiros. Era tudo, na verdade uma tentativa de desestabilizar o movimento, acusando – o de ser uma ameaça à integridade nacional” (MUNDURUKU, 2012, p.55). Segundo Bicalho (2010), entre as décadas de 1970 e 1980, houve grandes movimentações e amplitude da política no Brasil, onde ocorreram diversas ações populares que fortalecia e dava um novo rumo em relação a organização da sociedade brasileira, muitos grupos se organizaram de diversas origens e de variadas lutas social, onde cada grupo social tinha suas próprias demandas e identidades diferenciadas. Mas cada coletivo lutava pelos mesmos fins, objetivando contra seu principal inimigo “o Estado autoritário”. Segundo Munduruku (2012) na década de 80 ocorreu a realização da II Assembleia dos Povos Indígenas do Alto do Rio Negro, no mês de abril de 1987, um marco na luta política dos povos indígenas. Esse marco traria uma força maior na aprovação da Carta Magna Brasileira, que trariam um tratamento diferenciado para a questão indígena, que seria fruto da luta de mobilização, que teve participação da sociedade civil organizada. Segundo Baniwa (2006), as diversas mobilizações, deste período tiveram patrocínios de organizações não-governamentais brancas e onde haviam diversos encontros e assembleias com os povos indígenas, ocasionando intercâmbios entre comunidade e indígenas.