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LITERATURA, CENSURA E RESISTÊNCIA: UMA ANÁLISE A PARTIR DE A
FESTA: ROMANCE, CONTOS, DE IVAN ÂNGELO
Marcos Vinicius Ferreira Trindade
[email protected]
Orientadora: Profª Drª Carine Dalmás
Universidade Estadual do Maranhão – UEMA
[email protected]
RESUMO: O regime instaurado no Brasil em 1964 que se estendeu por 21 anos foi marcado
pelo nascimento de um Estado autoritário que reduzia a liberdade democrática por meio da
repressão. Este estudo parte da noção interdisciplinar com o objetivo de analisar a forma que o
uso da Literatura pode ser percebido como um caminho profícuo para entender determinadas
relações e de que forma a categoria “política” é representada na obra A Festa: Romance, Contos,
de Ivan Ângelo, publicada em 1976. Com esta obra é permitido ao leitor adentrar o quadro
político ditatorial do Brasil dando a dimensão política e percorrendo as denúncias político-
sociais da época. Temas como as diferenças entre classes, militância do movimento estudantil
são palavras-chave que Ivan Ângelo expõe para analisar a sociedade e o governo autoritário no
cotidiano dos personagens e as diversas faces que a sociedade brasileira assumiu. Em pleno
governo militar, o autor por meio de uma linguagem simples, soube focar no significado social
que essa obra se propunha a trazer. É importante salientar que é necessário perceber que o texto
literário não é uma descrição imediata do real, mas sim um produto artístico que tem raízes no
social, que opera com a interpretação da representação, categoria utilizada por Roger Chartier
(1990) que demonstra a Literatura como um documento histórico possível para a investigação
das representações sociais. No que se refere à censura imposta, percebe-se que a partir de 1964,
esta categoria estava atrelada à ideia de construir uma imagem “positiva” da Ditadura. Aponta-
se assim para a Literatura como forma de resistência, com a ficção transmitindo ideias,
posicionamentos e também sofrendo com a censura imposta, o que revela o quão plural se
mostrou o seu desenvolvimento, adotando novos meios para o trabalho literário, traduzidos em
textos ousados e fora do habitual até então, como é o caso de A Festa, com o intuito de assegurar
seu lugar ante a produção cultural do período. Dessa forma, a Literatura como forma de
resistência deve ser compreendida e analisada como expressão que representa um instrumento
para refutar determinados aspectos da sociedade, como contra conduta, possuindo uma função
social que verse revelar, denunciar e ler a sociedade em que estamos inseridos, servindo de
discurso para entender aquilo que informava e qual era a intenção do autor, propondo
interpretações através da articulação entre um entendimento sobre a relação entre passado,
presente e subjetividade.
Palavras-chave: Ditadura Civil-Militar Brasileira; Literatura de Resistência; Representação e
Censura; História e Literatura.