Caderno de Resumo do III SIICS Caderno de Resumos do III SIICS | Page 258

Página | 258 LITERATURA, CENSURA E RESISTÊNCIA: UMA ANÁLISE A PARTIR DE A FESTA: ROMANCE, CONTOS, DE IVAN ÂNGELO Marcos Vinicius Ferreira Trindade [email protected] Orientadora: Profª Drª Carine Dalmás Universidade Estadual do Maranhão – UEMA [email protected] RESUMO: O regime instaurado no Brasil em 1964 que se estendeu por 21 anos foi marcado pelo nascimento de um Estado autoritário que reduzia a liberdade democrática por meio da repressão. Este estudo parte da noção interdisciplinar com o objetivo de analisar a forma que o uso da Literatura pode ser percebido como um caminho profícuo para entender determinadas relações e de que forma a categoria “política” é representada na obra A Festa: Romance, Contos, de Ivan Ângelo, publicada em 1976. Com esta obra é permitido ao leitor adentrar o quadro político ditatorial do Brasil dando a dimensão política e percorrendo as denúncias político- sociais da época. Temas como as diferenças entre classes, militância do movimento estudantil são palavras-chave que Ivan Ângelo expõe para analisar a sociedade e o governo autoritário no cotidiano dos personagens e as diversas faces que a sociedade brasileira assumiu. Em pleno governo militar, o autor por meio de uma linguagem simples, soube focar no significado social que essa obra se propunha a trazer. É importante salientar que é necessário perceber que o texto literário não é uma descrição imediata do real, mas sim um produto artístico que tem raízes no social, que opera com a interpretação da representação, categoria utilizada por Roger Chartier (1990) que demonstra a Literatura como um documento histórico possível para a investigação das representações sociais. No que se refere à censura imposta, percebe-se que a partir de 1964, esta categoria estava atrelada à ideia de construir uma imagem “positiva” da Ditadura. Aponta- se assim para a Literatura como forma de resistência, com a ficção transmitindo ideias, posicionamentos e também sofrendo com a censura imposta, o que revela o quão plural se mostrou o seu desenvolvimento, adotando novos meios para o trabalho literário, traduzidos em textos ousados e fora do habitual até então, como é o caso de A Festa, com o intuito de assegurar seu lugar ante a produção cultural do período. Dessa forma, a Literatura como forma de resistência deve ser compreendida e analisada como expressão que representa um instrumento para refutar determinados aspectos da sociedade, como contra conduta, possuindo uma função social que verse revelar, denunciar e ler a sociedade em que estamos inseridos, servindo de discurso para entender aquilo que informava e qual era a intenção do autor, propondo interpretações através da articulação entre um entendimento sobre a relação entre passado, presente e subjetividade. Palavras-chave: Ditadura Civil-Militar Brasileira; Literatura de Resistência; Representação e Censura; História e Literatura.