Caderno de Resumo do III SIICS Caderno de Resumos do III SIICS | Page 123

Página | 123 LÁPIS COR DE PELE: A NÃO IDENTIFICAÇÃO FENOTÍPICA DA CRIANÇA NEGRA NA ESCOLA Débora Ribeiro de Sousa [email protected] Teresinha de Fátima Maciel dos Reis [email protected] RESUMO: Este trabalho teve como objetivo analisar como a escola aborda a identidade afro- brasileira nos anos iniciais do ensino fundamental, e verificar a contribuição da escola no processo de afirmação da identidade afro-brasileira para crianças do anos iniciais do Ensino Fundamental. Procuramos, nesta pesquisa, realizar uma iniciação científica no campo da etnografia. As técnicas utilizadas para coleta de dados foram a observação, e entrevistas semiestruturadas. A identidade de uma pessoa ou de um grupo é parte intrínseca de sua história, construir a identidade negra de forma positiva na sociedade brasileira não tem sido fácil. A educação, por ser um dos principais meios de transformação e formação da sociedade, deve ser capaz de permitir uma conscientização crítica do indivíduo. A escola, é um dos ambientes que pode e deve possibilitar a construção positiva da identidade negra, por se tratar de um espaço multicultural, que atende à uma diversidade de sujeitos. Durante vivência realizada no ambiente da pesquisa, foram identificadas inúmeras situações, onde podemos constatar que as crianças negras, não são estimuladas a uma identificação positiva com suas características fenotípicas. Esse não reconhecimento de si, tem se fortalecido por meio de um padrão midiático que é propagado todos os dias, em que apresentam crianças de pele branca, cabelos lisos, olhos claros, exibidos como a primeira face fenotípica do brasileiro. Esse modelo, apesar de não contemplar a grande maioria das crianças que frequentam a escola, são comuns neste ambiente, por meios de cartazes informativos fixados nas paredes da escola. As representações artísticas, principalmente os desenhos criados pelos alunos, tornaram-se fontes para a pesquisa. Foram analisadas atividades das turmas do 1º ano ao 5º, uma das atividades que foi comum a todas, ocorreu durante as aulas de Artes, em que as crianças foram direcionadas à produzirem cartazes, com a temática sobre os “direitos das crianças”, ao colorirem as atividades, observou-se que, em todas as turmas, a predominância do uso do “lápis cor de pele”, uma ideia que está enraizada na mente das crianças e também dos professores. Lápis cor de pele é o nome que as crianças e professores deram ao lápis bege, utilizado para colorirem a pele de pessoas em desenhos, de modo que seja considerado como cor universal. Portanto, foi possível perceber que, as crianças negras, no momento de se representarem, ou na hora de colorirem as atividades que lhes são propostas pelos professores, sempre utilizam como referências, os traços de pessoas brancas. A utilização da cor bege, para colorirem a pele das crianças nos desenhos, nos levou a refletir sobre o branqueamento como um padrão que permanece sendo reproduzido por professores e alunos. Com isso, a falta de representatividade e de valorização do negro, contribuem para a sedimentação do racismo, sendo internalizadas nas crianças, que permanecem sem nenhum tipo de representação negra positiva. Palavras-Chaves: Identidade; Escola; Representatividade; Afro-brasileiro.